Os presidentes da República, em viagens oficiais, têm o direito de se hospedar em bons hotéis e ter a conta paga pelo governo. Mas a escala que a presidente Dilma Rousseff e sua extensa comitiva fizeram em Lisboa, no sábado (25), foi uma extravagância com dinheiro público, já que a presidente não tinha agenda oficial em Portugal. A escala ocorreu no intervalo entre a viagem oficial da presidente ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, e sua ida a Havana, em Cuba, para a cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
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A justificativa do Palácio do Planalto é de que a escala em Portugal era necessária porque o Airbus presidencial não teria autonomia para fazer o percurso Zurique-Havana. Portanto, o correto seria uma escala de uma hora para reabastecimento da aeronave. E em seguida decolar para Havana. Em vez de seguir a viagem, aconteceu a escala da alegria, do lazer e da enogastronomia. A Presidência da República mentiu para a opinião pública e não divulgou para a imprensa a escala. Disseram, inicialmente, que não estava prevista e colocaram a culpa no tempo e na Aeronáutica. Só que os hotéis da presidente e de sua comitiva já estavam reservados há muito tempo.
Todas as companhias áreas do mundo mantiveram voos nesse trecho, menos o avião presidencial. Graças ao jornal o Estado de São Paulo, a escala de lazer presidencial foi divulgada. A presidente Dilma ficou hospedada numa suíte no hotel Ritz, em Lisboa, cujo valor da diária é de R$ 26,2 mil. O custo da hospedagem da comitiva, nesse e em outro hotel, foi de R$ 71 mil. Isso sem contar com as diárias, que todos receberam para passar um dia de folga em Lisboa, sem trabalho, sem agenda positiva para o governo brasileiro.
É fácil e covarde, de parte da Presidência da República, colocar a culpa da escala do lazer na Aeronáutica. Como todos sabemos, o regimento interno das Forças Armadas não permite críticas e desobediência. A Aeronáutica não tem nada a ver com essa farra. Ela cumpre ordens. A escala foi preparada no próprio Palácio do Planalto pelos organizadores da viagem presidencial.
E o pior é que essa não foi a primeira vez que a presidente Dilma Rousseff fez escalas de lazer, sem agenda oficial, durante suas viagens internacionais. Em março do ano passado, reportagem da BBC Brasil divulgou que escalas em que Dilma não tinha compromissos oficiais custaram, à época, R$ 433 mil aos cofres públicos. O valor incluía despesas apenas com hospedagem e diárias em visitas a Atenas (Grécia), Praga (República Tcheca) e Granada (Espanha), que ocorreram durante escalas de viagens de Dilma e sua comitiva à Ásia.
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E a farra continua. Está na hora de se dar um basta democrático nessa falta de seriedade com o dinheiro do povo brasileiro. Em outubro teremos eleições. Pensem nisso.
Luiz Pitiman (*)
* Deputado federal pelo PSDB-DF e Presidente da Frente Parlamentar de Gestão Pública