Ilona Staller – a Cicciolina, a distrital Júlia Lucy e MC Bandida – Foto: Reprodução do blog Brasília, por Chico Sant´Anna
Chico Sant’Anna
O erotismo na política não é novidade. Internacionalmente, o símbolo máximo desse padrão eleitoral ocorreu na Itália, na década de 1980, quando a atriz pornô Ilona Staller, a Cicciolina, se lançou, com seios de fora, ao parlamento. Inaugurava-se ali o que os cientistas políticos denominaram de pornopolítica. Cicciolina se elegeu, mas a estratégia eleitoral de mostrar as curvas femininas é de eficiência duvidosa.
A cantora MC Bandida, que vende suas imagens em sites eróticos adultos, tenta, pela terceira vez, uma vaga de parlamentar. Sua abundante e reveladora propaganda em frente ao Congresso Nacional não deu resultado em 2014 (237 votos) e 2018 (120 votos) para distrital. Agora, na plataforma de campanha, ela promete a suas eleitoras próteses de glúteo gratuitamente pelo SUS.
Dotes
Em recente peça publicitária, a distrital Julia Lucy (UB), que tenta uma vaga de deputada federal, também usou de criatividade, com foco no eleitorado masculino, na qual ela posa com um maiô, mostrando sua beleza. O texto que acompanha a foto diz: “Seu amigo já tem federal? Agora tem: Júlia Lucy”.
Deputada rechaça rótulos
A peça publicitária publicada na semana passada já não é mais visível no perfil de Júlia Lucy no Instagram. Em nota, sem informar se retirou ou não a propaganda das redes, a distrital afirma não ter permitido que a política a masculinizasse.
“Não aceito nenhum rótulo. Por isso, ao longo do mandato, conciliei postagens sobre política e vida pessoal, exatamente para mostrar que uma mulher, estando deputada, pode continuar sendo quem ela gosta de ser”.
[…] “O fato de ter que me explicar sobre uma postagem comum, que diversas mulheres também postam diariamente, evidencia que expectativas foram frustradas, sobretudo a de que a minha vida deveria ser resumida a uma carreira política tradicional”.
A nota de Júlia Lucy diz, ainda, que “experiência similar está sendo vivida pela primeira-ministra da Finlândia, que precisou se justificar em relação a ter dançado numa festa privada. Pasmem: primeira-ministra não pode dançar, e deputada não pode tirar foto de biquíni! Lamentavelmente, mulheres na política sempre precisam se justificar, por simplesmente ocuparem esses cargos”.
Contra o isolamento social
“Viúva” do senador José Antônio Reguffe (sem partido) – de quem tentou ser vice e cuja candidatura ao GDF foi abortada pelo União Brasil –, Júlia Lucy defendeu, na CLDF, facilidades para o porte de armas, condenou o isolamento social e chegou a convocar seu eleitorado para happy hour nos momentos mais críticos da covid-19. Foi dela o único voto contrário à lei que introduzia medidas de proteção aos motoristas de aplicativo.
A distrital apresentou projeto flexibilizando de uma só vez seis leis ambientais locais. Por último, a exemplo do que fez com a proibição dos canudinhos descartáveis, tenta, agora, flexibilizar a proibição de distribuição de sacos de lixo nos mercados.
Na campanha para federal, Lucy promete incentivos fiscais para os donos de pet, tornando as despesas com os totós e mimis dedutíveis do Imposto de Renda. Vai na linha do presidente Jair Bolsonaro (PL), que zerou as alíquotas do imposto de importação de jet-skis, balões e dirigíveis.
Saiba+
Em 24 de fevereiro deste ano, o direito de voto das mulheres completou 90 anos. A conquista foi consagrada por meio do decreto 21.076/32, do presidente Getúlio Vargas. Desde então, aos poucos, as mulheres vêm conquistando seu espaço na política, votando e sendo votadas. Historicamente, importantes quadros foram revelados, trazendo fortes contribuições para o Brasil.
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