Diante da piora das contas públicas e da desconfiança geral do mercado financeiro na política fiscal, o governo decidiu agir. Para turbinar a arrecadação de impostos, técnicos da equipe econômica saíram em busca de possíveis novos alvos, para tentar compensar a frustração com o desempenho da economia, mais fraco do que o esperado.
- Advertisement -
Quando propôs a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano, o Ministério da Fazenda estimou em 3,5% o crescimento real da arrecadação federal. Mas, até março, o desempenho acumulado não chegou a 2%, já descontada a inflação no período. Sem os recursos projetados, ficou mais difícil atingir a meta de economizar parte do arrecadado para pagar os juros da dívida, o chamado superavit primário.
Após anos sem cumprir as metas fiscais, o governo resolveu perseguir este ano um esforço menor, mas que pudesse ser cumprido sem precisar recorrer a medidas classificadas como “maquiagem contábil”. O objetivo para o setor público como um todo é economizar 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014.
Trata-se de um meta bem mais realista do que a projetada para o ano passado, quando o governo iniciou o ano dizendo perseguir esforço fiscal de 3,1% do PIB, e que, posteriormente, acabou tendo de admitir duas novas revisões. Primeiro, para 2,3% e, depois, para 1,9%, o mesmo patamar deste ano. “Apesar de crível, a meta não será alcançada”, apostou Felipe Salto, especialista em finanças.