A deputada Paula Belmonte (PPS-DF) completa o primeiro mês no Congresso Nacional confiante de que vai emplacar a pauta da primeira infância na agenda nacional. Num parlamento dominado pela polarização entre o PT e o PSL, que travam embates diários no plenário da Câmara, ela defende que é preciso sair priorizar temas que aponta como urgentes para o País como a geração de empregos, o aquecimento da economia e políticas sociais.
Como vice-líder de um partido pequeno, Paula Belmonte enfrenta o desafio de manter de pé o compromisso que assumiu de proteger crianças e jovens, especialmente do DF. Nesta entrevista exclusiva ao Brasília Capital, concedida durante pausa na agenda para descansar com a família no feriado de carnaval, a deputada faz uma avaliação dos seus primeiros sessenta dias de mandato.
Como avalia essa nova Câmara, que foi renovada em mais de 50%? – Vejo que há muitos parlamentares com vontade de fazer diferente, mudando velhas práticas na política. Mas não é maioria. Cito como exemplo a questão do auxílio-mudança. Apenas 36 deputados dispensaram esse benefício, que é um absurdo e custou cerca de R$ 16 milhões aos cofres da Casa em fevereiro. Da bancada do DF, apenas eu e mais dois abrimos mão. Isso tem que acabar! Apresentei um requerimento pedindo a extinção desse auxílio. Vejo que ainda temos de evoluir muito.
A senhora vai ser oposição ou base de apoio ao governo Bolsonaro? – Meu perfil é de centro. Sou vice-líder do PPS e nossa bancada adotou uma postura de responsabilidade com as pautas do governo. Não é o que tenho visto no plenário. Tivemos um primeiro mês na Câmara de muita polarização entre PT e PSL, o que não é bom, porque o que interessa ao Brasil, que é emprego, educação, assistência ao nosso povo, que está passando fome, fica em segundo plano. Não esperem de mim essa postura de confronto. Estou trabalhando muito e duramente para avançar no meu compromisso com a criança e o jovem, a mulher, o empreendedorismo, e a fiscalização do dinheiro público. É nisso que acredito.
Já conseguiu apresentar projetos? – Sim, trabalhamos muito antes mesmo da posse. Protocolei dez propostas, entre projetos de lei e requerimentos. Destaco aqui dois que considero muito importantes. Quero criar a Comissão Permanente em Defesa da Primeira Infância, Criança e do Adolescente. A Câmara tem comissão para mulher, idoso, pessoas com deficiência. São 25 no total. Mas não tem espaço para esse tema. Criança e adolescente é o começo de tudo. Se não cuidarmos do cidadão nessa fase da vida, que futuro estaremos construindo?
Acha que terá apoio para aprovação dessa proposta? – Com certeza. Há uma bancada muito envolvida com essa pauta, da qual faço parte como vice-presidente da Frente Parlamentar da Primeira Infância. Conto com esse apoio inclusive no outro projeto que apresentei, nesse mesmo espírito. Propus prorrogar a licença-maternidade para bebês prematuros ou que fiquem internados. Porque é uma desumanidade com as crianças e as famílias que precisam de internação. Ouço muitos relatos de mães que passam metade da licença dentro do hospital. E depois, quem cuida desses bebês? As famílias estão ganhando esse direito na Justiça e merecem ter segurança jurídica.
Como avalia o governo Ibaneis? – É muito cedo para uma avaliação. Vejo disposição em acertar, mas há muito trabalho pela frente. Há duas semanas estive no Hospital de Brazlândia, e o que vi é preocupante. Um médico sozinho para mais de 50 pacientes em um ambiente totalmente inadequado para qualquer tipo de atendimento. É apenas um exemplo do tamanho do desafio. Neste momento, tenho me colocado à disposição para somar e propor. Mas também não abrirei mão de minha obrigação de fiscalizar os serviços oferecidos à população.