Polêmicas rumo à Câmara Federal
Orlando Pontes
Eleito deputado distrital pelo PSB em 2018 com 17 mil votos, José Gomes, 40 anos, acabou expulso do partido. Nesta entrevista ao Brasília Capital, ele fala das polêmicas em que se envolveu nos últimos três anos e meio. Entre elas, a acusação de compra de votos e um projeto para valorizar o pôr do sol da Ermida Dom Bosco. Agora filiado ao PP, é pré-candidato a deputado federal para, segundo ele, valorizar o trabalho, a geração de empregos, a educação e o incentivo à vinda de investimentos para o Distrito Federal.
O que leva um empresário bem-sucedido como o senhor a entrar para a política? – Entrei na política em 2018, quando eu era o maior gerador de empregos do Centro-Oeste. Foi uma coisa que eu decidi com minha família e amigos. Eu queria agradecer e fazer mais por Brasília. E a maneira que encontrei foi vindo para a política. E nesses quatro anos eu aprendi muita coisa.
O quê, por exemplo?
Que a gente precisa de grupo. Precisamos saber fazer a política para chegar aos objetivos. Às vezes, a gente tem muita vontade de fazer, só que tem muita coisa que entrava.
O senhor teve um grande entrave: foi eleito pelo partido do então governador Rodrigo Rollemberg, com quem se desentendeu, e acabou expulso do PSB.
Eu fui para a campanha e vencemos. Só que as pessoas que me convidaram para a política, inclusive o ex-governador Rollemberg, não achavam que eu iria ganhar. O PSB tinha dois deputados. Eu fui chamado para fazer legenda. Só que surpreendi. Fui o mais votado do partido. Aí, eu achava que essa confusão terminava na eleição. Só que não. Houve injustiça. Mas, graças a Deus, eu tenho o nome limpo e não tenho na política nenhum processo e vou sair bem.
O que o levou a ser expulso do partido?
Eu não fiz nada que quebrou o estatuto do partido. Não teve nenhuma questão judicial, que foi o processo que colocaram na época de uma pessoa que estava falando de abuso de poder econômico.
Mas rolaram vídeos de reuniões de apoiadores seus dando a entender que o emprego de seus funcionários estava vinculado ao voto na sua candidatura. Isso não ficou configurado?
Não tem no processo uma fala da minha exigindo troca de voto por emprego. Eu até coloquei para meus advogados e falava para as pessoas: eu entrego meu mandato se houver uma gravação da minha voz ou uma fala minha nesse sentido. Jamais eu faria isso. O que eu fiz foi ir para uma eleição com várias pessoas que eu empregava. Infelizmente, a gente fica à mercê dessas coisas.
O senhor teve 17 mil votos e os favoritos do PSB não passaram de 12 mil votos. Acha que isso pode ter causado ciúmes dentro do partido?
Eu acredito muito que tenha sido isso. Como eu falei, eles não esperavam que eu ganhasse. Mas eu não cheguei de paraquedas na política. Eu já fazia por Brasília.
Quantos empregos o senhor gerava, à época, no DF?
Mais de 12 mil empregos diretos.
Atribui a sua votação a esses colaboradores, que por algum motivo teriam votado no seu nome para deputado?
Acredito que sim. A gente vive num país que duas coisas são importantes: emprego, que dá dignidade às pessoas, e saúde. Então, a gente que tem uma ferramenta para gerar emprego, recebe gratidão das pessoas.
O senhor é da base do governo na Câmara Legislativa e estará na coligação do governador Ibaneis como candidato a deputado federal. O que o identifica com ele?
Este governo que tem um diferencial que se identifica muito com meu mandato e com meus ideais. Como gestor, gosto de ver as coisas acontecerem, sair do papel para do discurso ir para a realidade. Então, é um governo no qual estamos vendo projetos que estavam há muito tempo parados ou que não terminaram e que estão acontecendo. A população precisa disso.
Mas também é um governo alvo de muitas suspeitas de irregularidades. Na pandemia, secretários e toda a cúpula da Saúde foram presos. O senhor não acha que a Câmara Legislativa se omitiu ao não aprovar a CPI do Iges?
Quando a gente entra numa situação dessa, que já tem investigação policial, Mistério Público, cada um que já é responsável por essas investigações, quanto mais você tumultua, pior. São pessoas competentes, preparadas para fazer essa investigação.
Mas o Legislativa existe constitucionalmente para fiscalizar o Executivo. Não fiscalizar não é prevaricação?
Eu trabalho muito nosso mandato com números, com a legalidade do documento, dos processos. Agora, essa parte criminal, que vai para a administração, de conluio, eu acho que cabe à polícia.
O senhor também se envolveu numa polêmica recente sobre um projeto da valorização do pôr do sol da Ermida Dom Bosco. Poderia esclarecer qual era a sua intenção com essa iniciativa?
Foi muito engraçado. Uma colega deputada, que não vou nem citar o nome, colocou como se eu estivesse preocupado com o pôr do sol. E não foi esta a intenção do projeto. Eu preparei a proposta pensando em incrementar o turismo na Ermida, que já é um local é turístico. E a gente colocando essa referência, como outros estados têm, motivaria as pessoas a irem tirar fotos, fazer book e atrair mais investimentos.
Que tipo de investimentos
Poderiam colocar restaurantes, lanchonetes, ter uma estrutura para o pessoal que vai tirar foto, passeios no lago. Então, não é que está tirando o sol mais bonito daqui ou dali. Em Brasília toda você tem o pôr do sol bonito. O problema é questão de referência.
Na Câmara Federal o senhor vai defender que tipo de bandeira?
Nosso projeto é continuar defendo as bandeiras do trabalho, do emprego e da educação e todos os outros assuntos de necessidade da sociedade. Mas quero muito fazer projetos para as pessoas que estão desempregadas no Distrito Federal. Que a gente comece a construir fábricas, como em outros estados. Trazer para cá atrativos para que empresas venham para Brasília. Também tem a questão de impostos e incentivos para a gente combater o problema do desemprego.