Em dois meses de mandato, senador apoia ajustes de Rollemberg e defende manifestações ordeiras, sem golpismo
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Nascido em Corumbá (GO), a 100 quilômetros do Distrito Federal, Hélio José da Silva Lima, 55 anos, está apenas no terceiro mês dos seus quatro anos como senador. Ele assumiu a vaga do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e já trabalha para transferir recursos do governo federal para Brasília, para ajudar a capital a sair da crise em que vive desde o final do ano passado. Na quarta-feira (11), ele recebeu o Brasília Capital para esta entrevista em que reafirma o compromisso de apoiar não só o GDF, mas também a presidente Dilma Rousseff em meio à turbulência causada pelas manifestações populares contra sua gestão. “Os golpistas de plantão sempre existiram e sempre vão existir, tentando tirar proveito da situação em virtude da grave crise que atravessamos no mundo. Então, a gente espera que as manifestações ocorram de forma democrática e ordeira”, espera Hélio José, que é filiado ao PSD, mas já foi sindicalista da Companhia Energética de Brasília (CEB) e militante do Partido dos Trabalhadores (PT).
BC – O senhor está no segundo mês de mandato como parlamentar titular na vaga do atual governador. Como está sendo essa experiência e de que forma o senhor está contribuindo para o Governo do Distrito Federal sair da atual crise?
Hélio José – A experiência está sendo muito interessante, porque é muito importante para nós políticos trabalhar por nosso estado (distrito). Aqui, estou podendo discutir e viabilizar uma série de questões para o Distrito Federal. Em apenas dois meses de mandato, já apresentei emendas de R$ 10 milhões para ajudar o DF em algumas coisas fundamentais.
BC – Dê exemplos…
Hélio José – Já defini emendas para tornas autossuficiente 17 escolas em todo o DF de energia elétrica através de fotocaptação fotovoltaica. Será possível trocar todas a luminárias das escolas por luminárias de LED. Isto vai gerar uma grande economia para cada uma dessas escolas, e esse dinheiro poderá ser revertido para outras questões relacionadas ao ensino. Apresentei emendas para o Hospital de Ceilândia, a maior cidade do DF, e para hospitais de Samambaia e do Paranoá, que se tornaram autossuficientes em energia elétrica, via captação fotovoltaica e via eficientização energética. Precisamos discutir a nova matriz energética, uma nova educação de como utilizar a energia, porque isso sai muito caro para cada brasileiro e para cada brasiliense. Isso tem feito com que a gente possa discutir de uma forma muito ampla essa possibilidade de geração doméstica de energia, que é a energia de geração distribuída.
BC – Além disso, em que outras áreas o senhor tem atuado?
Hélio José – Apresentei uma emenda de R$ 1 milhão para fazer a revitalização do Parque do Bosque, em São Sebastião. Sabemos da crise que tivemos de hantavirose há pouco tempo no DF que vitimou uma várias famílias. Então, para evitar que isso volte a repetir, eu quero destinar dinheiro para um trabalho preventivo naquela região. Tenho feito várias reuniões com o governador Rodrigo Rollemberg, que tem procurado de toda forma acertar e fazer o melhor para o Distrito Federal.
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BC – Essas suas propostas mostram uma preocupação com o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida no DF. Porém, a gente percebe o governo local muito preocupado com o passado e sem apresentar, efetivamente, ações que dêem ao cidadão brasiliense a sensação de que aqueles tempos de desordens passaram.
Hélio José – De fato, há uma inquietude. O governo tenta implementar o seu programa de 40 pontos com o qual foi eleito, mas tem dificuldades porque inúmeras bombas de efeito retardados deixadas pelo ex-governador precisam ser desarmadas. Uma vergonha. Brasília nunca teve na sua história de 55 anos de existência uma situação de calamidade igual à que está vigente. O governo não tem recurso para pagar a folha de pagamento no final do mês. Sempre vai ter que recorrer a alguma solução paliativa, como o remanejamento de recursos de alguma área, por exemplo. Tudo em virtude do descalabro que foi a gestão anterior. Então, o GDF não está empurrando para a situação anterior, não. Essa é uma questão real.
BC – Então, qual a sua avaliação do trabalho do GDF até aqui?
Hélio José – O governo mandou um pacote de ajustes para a Câmara Legislativa, que foi devidamente discutido. Algumas coisas foram aprovadas, outras modificadas. Hoje, estou saindo agora para a implantação do Conselho da Transparência. Está sendo feito uma auditagem em todas as contas pelo Tribunal de Contas do DF, pela Procuradoria Jurídica e pelo GDF para demonstrar a situação caótica que foi herdada no DF. Inclusive, os bens do governador anterior estão em indisponibilidade porque a falta de compromisso com a coisa pública foi muito grande no governo anterior.
BC – Nesses dois primeiros meses, a arrecadação subiu quase 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Entraram mais de R$ 2 bilhões nos cofres do GDF. Com esse dinheiro em caixa, não daria para procurar soluções mais criativas para a crise em vez de ficar procurando esta vertente do passado?
Hélio José – Com certeza. E o governo está fazendo isso. Estamos fazendo obras de infraestrutura em Ceilândia, onde estamos equacionando a questão do Sol Nascente e do Pôr do Sol. Estamos encaminhando a questão da regularização de Vicente Pires. Além de uma série de alternativas para a crise está sendo feita, como a implantação do “Supersimples”, iniciativa em que Brasília foi a cidade-piloto, via Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Mas 60 dias é muito pouco tempo para que a gente dê respostas aos vários e justos anseios da população. Eu quero dizer a população do DF que há uma vontade muito grande, tanto da minha parte, quanto do deputado Rogério Rosso, do secretário Artur Bernardes (de Economia e Desenvolvimento Sustentável) e do vice-governador Renato Santana em ajudar Brasília a avançar para gerar oportunidades. O povo não quer esmola, quer oportunidade. Oportunidade de ser incluído, de gerar movimentações e de fazer um governo bom. Nessa primeira hora, o governador está equilibrando as contas. Por isso a arrecadação foi maior. O GDF foi atrás de sonegadores, e está indo atrás de negociar uma recuperação fiscal.
BC – No plano local o PSD está mais do que integrado ao governo. E no plano federal, como está essa relação? No dia 15 haverá uma manifestação de protesto contra presidente Dilma. Em que campo se apresenta o PSD nesse momento?
Hélio José – Não restam dúvidas de que as manifestações têm sua motivação, sua justeza. A gente compreende que é um direito de todos manifestarem. Mas o PSD tem um ministro (das Cidades, Gilberto Kassab), que está procurando fazer o melhor para o Brasil e para Brasília. Uma discussão séria no projeto Minha Casa, Minha Vida, no Morar Bem, e outros projetos de infraestrutura, de saneamento básico e de mobilidade urbana pelo país. Temos também o ministro Afif Domingos, da Micro e Pequena Empresa, que acabou de lançar um programa que permite aquilo que você nunca conseguia, que era fechar uma empresa em um dia. A partir de junho, você vai poder abrir uma Micro e Pequena Empresa com apenas cinco dias. Tudo no sentido de desburocratizar essa relação do maior gerador de empregos que são essas empresas. Nosso partido é base do governo e estamos fazendo o possível para ajudar a presidente Dilma a avançar e colocar o Brasil pra frente. Tanto no Senado, quanto na Câmara estamos discutindo e participando das comissões e colaborando para que o país continue avançando.
BC – O senhor percebe alguma vertente golpista nesses movimentos ou eles são apenas protestos democráticos e manifestações justas, principalmente nas redes sociais?
Hélio José – Quando acontece o movimento de rua, aparece de tudo. Eu não vejo o movimento como um todo como golpista. É a voz rouca das ruas se manifestando.
BC – Da rua mesmo ou da elite?
Hélio José – Tem um grupo da elite que está se apropriando. Por isso, acho que a voz das ruas não deve deixar que esse grupo da elite se aproprie do movimento. Os golpistas de plantão sempre existiram e sempre vão existir, tentando tirar proveito da situação em virtude da grave crise que atravessamos no mundo. Então, a gente espera que as manifestações ocorram de forma democrática e ordeira, pois isso vai servir para que nós aqui no Congresso, nos ministérios, no Palácio do Planalto e no Palácio do Buriti possamos refletir e avançar nas questões fundamentais para o nosso país e para a nossa cidade.