A prefeitura de Alexânia (GO) promoveu, domingo (17), a Primeira Feira do Troca Literária, em Olhos D’Água, a 95 quilômetros de Brasília. A programação incluiu apresentação do grupo Mamulengo Presepada, de Chico Simões; narração de histórias e troca de livros. O evento contou com a presença de autoridades dos governos municipal; estadual de Goiás; do DF; e de especialistas, como o presidente da Câmara do Livro, Ivan Valério; e o presidente do Instituto Latinoamérica, Atanagildo Brandote. Antes de abrir a Feira, o prefeito Allysson Silva Lima (PPS), 33 anos, concedeu esta entrevista ao Brasília Capital:
Qual a importância da Feira da Troca Literáriaocorrer em Olhos D’Água? – É muito importante para mostrar a importância que damos à leitura e para incentivar nossos jovens a saírem do marasmo e terem cultura. Há dois anos, não tínhamos bibliotecas em Alexânia. Hoje temos uma em Alexânia, uma em Olhos D’Água, um biblio-ônibus e a gibiteca, para incentivar a leitura entre as crianças. Nosso acervo já chega a 10 mil títulos.
Por que um evento deste porte em Olhos D’Água, que tem apenas 3 mil habitantes? – Quem não valoriza sua história, não merece ter futuro, diz o ditado. Olhos D’Água, que hoje é um distrito, já foi a sede do município, antes da transferência da capital para Goiânia. Por isso, desde que assumimos, todos os anos, na semana de aniversário de Olhos D’Água, o poder público funciona aqui durante a semana de 13 de julho. É uma forma de reconhecer a importância da cidade.
Alexânia está se tornando referência no quesito bibliotecas públicas. Como é isso? – Quando assumimos, não existia biblioteca no município. Hoje, temos duas. Preciso destacar toda a equipe de educação e principalmente o trabalho da professora Nilva Belo, aqui de Olhos D’água. Em 2013, quando nem imaginava que seria prefeito, ela defendia a aprovação da lei político leitor na Câmara de Vereadores. Articulou com o ex-prefeito, falou com os vereadores, e aprovou a lei. Em 2016 eu prometi a ela que se fosse eleito nós colocaríamos aquela lei em prática e ela seria minha coordenadora das bibliotecas. E assim fizemos. Alexânia foi o primeiro município do Brasil a ter incentivo à leitura de livros de literatura.
Está disponível na internet? – Os títulos ainda não são digitalizados. Mas, o município foi contemplado com uma doação de um software de última geração da professora Walda Andrade Antunes, doutora em biblioteconomia pela UnB. Estamos finalizando os trâmites da doação. Alexânia foi escolhida para ser um centro de empoderamento digital de uma ONG internacional, que atua em sete países. A metodologia é específica, baseada no Bill Gates.
O senhor parece empolgado com sua gestão, ao contrário da maioria dos políticos que, em geral, costumam reclamar da chamada herança maldita… – Sou nascido e criado em Alexânia. Gosto da minha cidade e quero trabalhar pela nossa gente. Na verdade, eu casei com uma viúva um pouco descuidada, abandonada, com uma dívida de R$ 12 milhões. Por exemplo, quando a gente vai fazer uma compra numa loja, a pessoa consulta nosso CPF no Serasa. No caso dos municípios, temos o portal do Ministério da Fazenda. De 13 itens, Alexânia estava pendente em oito no primeiro dia de governo. São dívidas referentes a INSS, prestação de contas, certidões não apresentadas.
E conseguiu solucionar? – Sim. Graças a Deus. Inclusive, a principal obra do meu governo, que é um asfaltamento no Jardim Esperança (setor muito povoado), só pudemos começar porque estamos regulares.
Conseguiu convênios com os governos estadual e federal? – Alguns. Com o governo estadual passado, fizemos um convênio através do programa Goiás na Frente. Receberíamos R$ 10 milhões, mas até agora só vieram R$ 400 mil. Com esse dinheiro fizemos reparos em algumas vias. Mas o novo governo decretou estado de calamidade financeira. Se ele decretou isso, não sei nem o que dizer de Alexânia (risos). Enfim, essa obra é fruto de um financiamento. A obra está parada. Mas em abril, com o fim das chuvas, vamos retomá-la.
Além de equilibrar as contas, quais as suas metas de governo? – Temos cuidado de atender as demandas prioritárias dos servidores municipais. São mais de 700 efetivos. Contando comissionados e contratados, são mais de mil. Até hoje, pagamos todas as folhas em dia. Considero isso um grande trunfo.
Só isso? Não é pouco? – Além disso, como sou servidor de carreira da Câmara de Vereadores, havia alguns processos engavetados. Por exemplo, um servidor que fazia uma pós-graduação, tem direito a incremento salarial. Isso não vinha sendo cumprido. Eu paguei todos esses atrasados de 2014 a 2016. Ano passado paguei todos de 2017. E este ano, os de 2018.
Depois de colocar as contas em dia, qual o seu foco para os próximos dois anos? – A infraestrutura. São três pontos que preciso atacar no município: iluminação pública, limpeza urbana e pavimentação asfáltica.
E a Saúde? É clássica a história de os municípios do Entorno só se equiparem de ambulâncias para levar os pacientes para Brasília… – Não somos adeptos dessa política. Quando assumi, tínhamos uma cultura onde tudo era resolvido no hospital. Seja troca de receita, consulta eletiva. Isso gerava grande fluxo no hospital e a atenção básica estava de lado. Viramos o jogo. Potencializamos a atenção básica. Eram quatro equipes do Saúde na Família. Hoje são 10, podendo chegar a 13. Agora o hospital fica para casos de média e alta complexidade, além de urgência e emergência.
Qual a estrutura de Saúde do município? – Um hospital com 30 leitos, uma base do Samu, duas equipes multidisciplinares de serviço de atendimento domiciliar, além das equipes de Saúde na Família. Antes, tínhamos um dentista na cidade. Hoje são sete. Inauguramos duas Unidades Básicas de Saúde e estamos prestes a inaugurar outra, em Olhos D’água, o principal distrito do nosso município. Mais um detalhe: informatizamos todas as unidades de Saúde. Então, se você for a uma UBS, sai de lá com seu exame marcado, sem pegar fila.
Na segurança pública, Alexânia é vista como rota do tráfico de droga. Como a Prefeitura tem combatido isso? – Como estamos a poucos quilômetros de duas capitais, sofremos as consequências do fenômeno chamado metropolização. É o adensamento populacional. As cidades crescem rápido, e a infraestrutura não acompanha. Com isso, tem desemprego, falta de infraestrutura básica, aumento de violência. Em 2015, Alexânia estava entre as vinte cidades de Goiás que concentravam os crimes do Estado. E aí, com muito trabalho nosso, da gestão anterior e das polícias, conseguimos diminuir todos os indicadores. Apesar da segurança ser obrigação do estado de Goiás nós cedemos três servidores para a Polícia Civil, um para a PM, ajudamos as duas polícias com material de expediente. Temos um banco de horas para a patrulha rural. Pagamos o aluguel do prédio da Polícia Civil e contribuímos com combustível.
E o estado ajuda em quê nesse sentido? – Na verdade, a obrigação é dele. Pagar aluguel, servidores e estrutura. Mas a gente percebe a necessidade e acaba ajudando para beneficiar a nossa população. O Fórum é outro exemplo. Temos 15 servidores cedidos para o Judiciário. Se tirarmos esses servidores, é capaz do Fórum fechar as portas.
O que tem sido feito pela educação de Alexânia? – Começa pela parte de pessoal. A gente incentivou os profissionais melhorando a remuneração. A maior parte de nossos servidores efetivos é da educação. Pagamos os salários em dia. Promovemos muitos cursos para os professores e, dentro do possível, reformamos estruturas físicas.
Realizou concurso? – Não pudemos fazer porque estamos no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas, fizemos processos seletivos. Na gestão passada, estagiários eram escalados para reger aulas. Contratamos professores temporários.