Fernando Pinto
Em declaração recente, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, confirmou a disposição do governo Temer de vender “nos próximos 45 dias” as ações de empresas estatais, além de conceder recursos de outorgas de campos de petróleo (leia-se: entregar o ouro aos bandidos, para que explorem as ricas reservas petrolíferas do pré-sal brasileiro, recentemente descobertas e avaliadas em trilhões de dólares).
A alegação se baseia nos mesmos argumentos da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: salvar a economia brasileira, ao inaugurar e acionar, a toque de caixa, o Plano Nacional de Desestatização (PND), em 1997, quando cometeu o crime de lesa-pátria leiloando a preço de banana empresas estratégicas nacionais, como a Vale do Rio Doce e as siderúrgicas de Volta Redonda e a Usiminas (*).
Hoje incensado como “herói nacional”, o mais incrível é que FHC conseguiu realizar essa proeza entreguista, ostensivamente, diante de uma imprensa em sua quase total maioria silenciosa, não obstante a denúncia de um pequeno grupo de economistas lembrando que a empresa americana Merril Linch comandava a estratégia da venda de cartas marcadas.
Tanto foi que a Vale do Rio Doce, a maior produtora de minério do mundo, foi leiloada por R$ 3,3 bilhões, enquanto seu valor de mercado era de R$ 92 bilhões. Ou seja: 28 vezes maior do que foi pago pelos compradores “testas de ferro”. E também de nada adiantou, posteriormente, o significativo resultado do plebiscito realizado em setembro de 2007 com mais de três milhões de brasileiros, no qual 94% responderam que a Vale deveria ser reestatizada.
Além da cogitação explícita de privatizar o BNDES e o Banco do Brasil, faltou pouco para FHC vender a Petrobrás, que teria a sua nomenclatura mudada para Petrobrax. Sobre o assunto, afirmou o insuspeito jornalista Aloysio Biondi, em sua obra “O Brasil Privatizado”: “Recentemente alçada ao posto de segunda maior petrolífera do mundo, a Petrobrás foi, ao longo de toda a era tucana, sondada quanto à sua possível privatização. O plano era desmontá-la e depois vendê-la a empresas multinacionais. Só faltou tempo”.*)
Na ocasião, FHC contou com a ajuda do seu ministro do Planejamento, José Serra, hoje titular das Relações Exteriores da equipe de Temer. Mera coincidência!…