Ficar horas no aeroporto. Passar frio na porta de um hotel. Gritar histericamente à beira da grade, mesmo sem ninguém sequer acenar de volta. Quando a Seleção Brasileira jogou em Brasília pela primeira fase da Copa do Mundo, valia tudo para falar, pegar um autógrafo, tirar uma foto ou somente mesmo ver de longe as estrelas do futebol canarinho. Após a derrota histórica sofrida na última terça-feira, no entanto, os fanáticos que acompanharam a delegação do Brasil duas semanas atrás não demonstram a mesma empolgação com mais essa passagem da Seleção pela capital durante o Mundial.
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No Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck, mais de 80 torcedores aguardavam os representantes do país do futebol naquele 21 de junho, quando a Seleção desembarcou no Distrito Federal para enfrentar Camarões. O ônibus saiu da Base Aérea e não era possível ver os atletas dentro do veículo. Alguns fãs mais ardorosos correram atrás e, depois, em uma espécie de carreata, diversos veículos seguiram o time de Luiz Felipe Scolari até o Brasília Palace, onde ficariam hospedados. No hotel, ao menos outras 200 pessoas esperavam a delegação para recepcioná-la e apoiá-la rumo ao hexacampeonato.
Sem raiva
A torcida, hoje, se divide. Nas ruas, é possível encontrar gente que vai apoiar — dentro ou fora da arena — a Seleção Brasileira. Enfim, a raiva contra os jogadores que sofreram a maior goleada da história do futebol não é geral. A estudante Tássia Melo, 23, é outra que, há 15 dias, estava na porta do Brasília Palace na esperança de falar com algum dos atletas. Não conseguiu nem vê-los, quanto mais conversar com algum deles. Mas isso não a irritou. “Soube que o Julio César chegou a falar com os torcedores, distribuiu autógrafos. Mas eu não estava lá naquele momento, infelizmente”, lamenta.
Mesmo após o 7 x 1, ela pretende ir novamente ao hotel prestigiar a Seleção na saída para o estádio, no sábado, para a decisão do terceiro lugar. “Estou com muita pena deles. Queria consolá-los”, diz. Ela defende que a equipe não perdeu porque quis e que ninguém pode crucificá-los. “São apenas jogadores de futebol. Não são eles os maiores responsáveis pelo vexame”, aponta.