Atos simultâneos em nove estados que têm representações do Banco Central – Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará – e em frente à sede do BC em Brasília, na terça-feira (14), marcaram o lançamento da campanha de centrais e de sindicatos de trabalhadores de todo o País contra os juros abusivos. Na Capital da República, o movimento é liderado pelo Sindicato dos Bancários de Brasília. No mesmo dia, foi feito um Tuitaço para mobilizar a população pelas redes sociais.
“O Banco Central não pode ser serviçal do mercado financeiro. A geração da distribuição de riquezas não pode privilegiar os agiotas do dinheiro público”, discursou o presidente do Sindicato dos Bancários, Kleytton Morais. A presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Gilvândia Moreira, afirmou que Campos Neto não é independente. “Ele é parcial. Favorável aos investidores, porque os juros altos inibem o crescimento econômico e a distribuição de renda por meio da geração de empregos”.
A presidente da Auditoria da Dívida Cidadã, Maria Lúcia Fatorelli, e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF), Rodrigo Rodrigues, reiteraram que os juros altos são o principal fator de falências de empresas e aumento do desemprego. “As famílias e os empresários pagam a mesma dívida várias vezes”, reiterou Fatorelli. Ela defende a aprovação do Projeto de Lei 104/2022, em tramitação no Congresso Nacional, que estabelece um limite das taxas de juros no País. “O Brasil não pode ficar suscetível aos desejos da ganância do mercado. Nosso país não é um pária, mas, sim, um player mundial”, completou Kleytton Morais.
O ato em Brasília contou, ainda, com a presença dos presidentes nacionais da Força Sindical e da CUT, Miguel Torres e Sérgio Nobre, respectivamente; do presidente nacional da Fintec, Emerson Marinho; da presidente do Sintect-DF (trabalhadores dos Correios e Telégrafos), Amanda Corsino; do diretor do Sinpaf, Marcos Vinícius; além de parlamentares, lideranças sindicais, empregados de bancos e funcionários do BC.
Frente Parlamentar
Ainda na terça-feira à tarde, foi lançada no Congresso Nacional a Frente Parlamentar Mista contra os juros abusivos. Entre outros, hipotecaram apoio à iniciativa os deputados Rogério Correia (PT-MG), Reimont (PT-RJ), Lindberg Farias (PT-RJ) e Erika Kokay (PT-DF).
“Este ato significa dizer qual é o Brasil que saiu das urnas. Nosso povo não aceita um Banco Central sabujo do mercado e a serviço dos banqueiros. A economia brasileira está sendo asfixiada pelos rentistas, e aumentar a taxa de juros para conter a inflação é uma balela. O Brasil precisa de crédito para o setor produtivo”, afirmou Erika Kokay, que é funcionária aposentada da Caixa Econômica Federal.
O presidente do PT do Distrito Federal, Jacy Afonso, compareceu aos dois eventos (em frente ao BC e no salão verde da Câmara dos Deputados) e repetiu a mesma frase: “Campos Neto, seja corajoso. Renuncie!”.
Saiba +
Alvo de críticas constantes do presidente Lula nas últimas semanas, a taxa Selic fixada pelo BC (atualmente em 13,75% ao ano) tem gerado críticas até entre os profissionais do segmento financeiro, que lançaram um manifesto. No entendimento dos signatários, o argumento do BC não tem amparo na teoria econômica, tampouco no cenário conjuntural internacional. O Sindicato dos Bancários de São Paulo ressalta que a taxa mais alta dos juros encarece a dívida pública a ser paga pela União, o que acaba comprometendo o orçamento para saúde, educação e infraestrutura.