Dirigentes da Andrade Gutierrez afirmaram em depoimentos ao Ministério Público Federal que a empresa pagou despesas de fornecedores da campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff em 2010, sem que os gastos tenham sido devidamente registrados na prestação de contas apresentadas à Justiça Eleitoral. Só com um dos fornecedores, a Pepper Comunicação, a Andrade Gutierrez teria desembolsado aproximadamente R$ 6 milhões. O pagamento teria sido feito a partir da simulação de um contrato de prestação de serviços entre as duas empresas, segundo informou a Globonews.
As acusações teriam sido feitas pelo ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo e ratificadas pelo executivo Flávio Barra. Os dois teriam feito as declarações depois de negociarem acordo de delação premiada com o Grupo de Trabalho da Procuradoria-Geral da República encarregado das investigações de políticos com foro no Supremo Tribunal Federal (STF). Eles teriam prestado depoimento sobre o caso na semana passada.
Segundo a Globonews, a empreiteira teria feito os pagamentos a Pepper a pedido governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), um dos coordenadores da campanha de Dilma à época. A Pepper prestou serviços ao PT nas duas últimas campanhas presidenciais. As relações entre a empresa e Fernando Pimental são um dos alvos centrais de uma outra investigação da Polícia Federal, a Operação Acrônimo. A partir da operação, a PF investiga se empresas fizeram pagamentos indevidos a mulher do governador.
As informações sobre pagamentos da Andrade Gutierrez a Pepper com base em contratos fictícios não terão reflexos na Justiça Eleitoral. Eventuais crimes eleitorais já estariam prescritos. Isso porque juristas entendem que o mandato referente à eleição de 2010 se encerrou em 2014, portanto a presidente Dilma não poderia ser processada por problemas na contabilidade de uma campanha anterior ao atual mandato. As denúncias da empreiteira poderão, no entanto, dar origem a uma nova apuração sobre corrupção e lavagem de dinheiro.
Em nota, o tesoureiro da campanha de Dilma em 2010, José De Filippi, negou que tenha sido feito pagamento irregular para a empresa Pepper. \”Os serviços prestados pela empresa Pepper à campanha de 2010 da Presidenta Dilma Rousseff foram regularmente contabilizados nas prestações de contas aprovadas pelo TSE. Os valores pagos a esta empresa foram da ordem de R$ 6,4 milhões. O vazamento truncado e seletivo de informações atribuídas à delações premiadas submetidas a sigilo legal, independentemente de quem pratica, é ato ilícito e exige apuração imediata por parte das autoridades responsáveis\”, diz a nota.
Procurado pelo GLOBO, Amauri Teixeira, um dos donos da Pepper, disse desconhecer a delação do ex-presidente da Andrade Gutierrez. Ele não quis dizer se a empresa fez ou não contrato com a empreiteira.
— A gente não vai comentar. Desconheço a delação. Não sei se isso corresponde à verdade. A Pepper não vai se manifestar sobre esse assunto — respondeu Teixeira.
João Santana tem R$ 32 milhões bloqueados pela Operação Acarajé
Cardozo sai do Ministério da Justiça e assume Advocacia-Geral da União
Supremo decide na quarta-feira se aceita denúncia contra presidente da Câmara, Eduardo Cunha