A empresa Kroll Associates, contratada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras para investigar crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na estatal, foi acusada em 2004 de se envolver em práticas ilegais quando apurava informações sobre a disputa empresarial pelo controle da Brasil Telecom. Segundo relatório final da CPI dos Grampos, a Kroll utilizou escutas telefônicas clandestinas para obter informações sigilosas da Telecom Itália.
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Ainda de acordo com o resultado das apurações, teria havido um esquema de “terceirização” de escutas telefônicas patrocinados pela empresa Kroll. “A Kroll Associates praticou diversos delitos por intermédio de seus diretores”. O relatório esclarece a utilização dos serviços de investigadores particulares para efetuar grampos ilegais. O ex-presidente da Kroll, Eduardo Gomide, condenado em 2012 por formação de quadrilha, foi indiciado por execução da interceptação telefônica clandestina.
O mesmo relatório esclarece que poucos casos chegaram ao conhecimento da CPI. “No que tange às escutas clandestinas, poucos foram os casos que chegaram à CPI, porém significativas, demonstrando a participação de escritórios de investigação”. Para o relatório, existem escritórios que trabalham na legalidade, mas o Estado “precisa” fornecer maior segurança à sociedade. “O combate ao grampo ilegal passa, necessariamente, pela fiscalização estatal da atividade de investigadores particulares”, descreve o documento.
Segundo aquela CPI, as consequências na vida das pessoas, vítimas da má fé, são “devastadoras”. Para a comissão, o Estado precisaria combater este ato de “forma rigorosa”. “Este grampo não é simplesmente contra sua pessoa, mas contra a instituição. O estado precisa combater essa modalidade de escuta clandestina de forma enfática”. A CPI apontou também o avanço tecnológico como causador do maior número de escutas ilegais. “É indiscutível que o avanço tecnológico tem contribuído significativamente para a profusão do grampo ilegal no Brasil”.
O cientista político, Antônio Flávio Testa, critica a contratação da estatal por parte da CPI da Petrobras. “Do ponto de vista ético, não seria aceitável”. Segundo o especialista acredita, a contratação desta empresa pela CPI da Petrobras pode ter ocorrido por uma decisão política. “A comissão achou prudente contratar a empresa, que até o momento não trouxe nada relevante”. Ele acrescenta que a influência do presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha, permitiu escolher o presidente e o relator da CPI com uma visão semelhante a sua.
Consultada, o escritório da empresa Kroll no Brasil , localizada em São Paulo (SP) não respondeu os questionamentos até o fechamento desta reportagem
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