Em dia histórico, os empregados da Companhia Energética de Brasília (CEB) lotaram o auditório da Câmara Legislativa na terça-feira (25) e demonstraram que vão lutar até as últimas forças, de todas as formas e meios possíveis, contra a privatização da empresa. Na audiência pública convocada pelo deputado Chico Vigilante, à qual compareceram o presidente da CEB e outros diretores da Companhia, dirigentes sindicais e trabalhadores tiveram, finalmente, a oportunidade de apresentar a sua visão acerca do atual quadro econômico-financeiro da empresa, que está muito longe da perspectiva quase falimentar anunciada pela atual diretoria e “comprada” pelo GDF.
Só de contas em atraso, a CEB Distribuição tem a receber mais de R$ 600 milhões. A venda dos imóveis já disponíveis para comercialização poderia gerar uma receita próxima R$ 400 milhões, enquanto a alienação de participações acionárias em empresas privadas de geração, prevista na lei distrital nº 5.577/2016, resultaria em um caixa superior a R$ 650 milhões. O montante supera com folga a propalada dívida de R$ 1 bi da subsidiária.
Essas medidas, combinadas com a queda dos custos com pessoal já prevista nos estudos da própria Companhia – em 2018, essa redução foi de 15% – sinaliza claramente para a sustentabilidade da CEB Pública.
Além do debate econômico-financeiro, os trabalhadores e seus representantes apontaram os aspectos que estão sendo omitidos nessa discussão. Não existe paralelo no Brasil de uma concessionária que tenha se recuperado e alcançado tão rapidamente o desempenho hoje exibido pela CEB Distribuição. Os empregados registraram que os indicadores técnicos fixados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para dezembro deste ano já foram atingidos no último mês de abril.
Outro ponto omitido pelo GDF relaciona-se ao risco da privatização para a população do DF. Apagões, piora dos serviços e elevação da conta de luz ocorreram em praticamente todos os estados que venderam suas concessionárias de energia elétrica. Neste sentido, o caso da estatal goiana Celg, vendida em 2016 para a empresa italiana Enel, é apenas mais um exemplo do desastre que a privatização representa para a economia e desenvolvimento social dos estados que a implementaram.
Na audiência pública, que contou também com a participação dos deputados João Cardoso, Fábio Félix e Érica Kokay, foi aprovada a abertura de diálogo entre a diretoria da empresa e os trabalhadores, visando a busca de alternativas para evitar a privatização. Os empregados reafirmaram que defender a CEB Pública é defender a população do DF.