Queremos Saúde Caixa! Este foi o mote que mobilizou, na terça-feira (17), empregados e empregadas da Caixa em todo o País, numa resposta à postura intransigente da direção do banco nas negociações para renovação do Acordo Coletivo de Trabalho sobre o plano de saúde, que vence no final do ano.
Vestindo branco, atendendo à convocação do movimento sindical para o Dia Nacional de Luta em Defesa do Saúde Caixa, os trabalhadores protestaram nos locais de trabalho e nas redes, num tuitaço com postagens com a hashtag #QueremosSaúdeCaixa. Um novo protesto está marcado para o dia 30 de outubro.
Em Brasília, o Sindicato realizou ato em frente ao edifício Matriz 1 do banco, distribuindo material temático , tirando dúvidas dos bancários e chamando para a plenária híbrida que a entidade realizou na quarta-feira em sua sede (EQS 314/315).
“Neste momento de reconstrução do País e da própria empresa, é necessário que a direção da Caixa respeite seus trabalhadores e invista em melhores condições de trabalho, bem como no nosso plano de saúde”, cobrou Fabiana Uehara, empregada da Caixa, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) e secretária de Imprensa do Sindicato.
“O Saúde Caixa precisa ser uma política de RH da empresa. Isso valoriza os empregados. E quando falamos em valorizar os empregados, estamos falando também dos aposentados. Ter uma perspectiva de um déficit de R$ 355 milhões [no plano de saúde] a ser pago somente pelos empregados não é valorizá-los”.
Marlene Dias, aposentada da Caixa e diretora da Federação dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), destacou que “solidariedade e mutualismo são fatores preponderantes do pacto do Saúde Caixa. Por isso, o banco não pode se eximir da sua responsabilidade e jogá-la no colo dos aposentados. Já estamos sendo massacrados por pagar uma equalização”.
A secretária de Mulheres da Fetec-CUT/CN, Elis Regina, empregada da Caixa, assegura que as mudanças que o banco quer implementar vão tornar o plano inviável para os trabalhadores. “Não aceitaremos retrocessos, como pagar as despesas administrativas. Essa é uma responsabilidade da empresa. Também não aceitaremos o teto de custeio da empresa de 6,5%”.
“É injusto uma empresa pública que lucrou R$ 4 bilhões no 1º semestre querer tirar dos trabalhadores que geram a riqueza dessa empresa. Se a Caixa está erguida para servir ao povo brasileiro, é graças ao trabalho coletivo dos empregados”, disparou Rafael Guimarães, diretor do Sindicato e bancário do Banco do Brasil.
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Juliano Braga, diretor da Federação Centro Norte e bancário do Bradesco, complementou: “É de se admirar que um banco público da envergadura e da importância nacional da Caixa resolva mudar a regra no meio do jogo e passe a ignorar toda uma questão social que envolve um plano de saúde como o Saúde Caixa. Estaremos aqui denunciando essa postura”.
Cardoso, vice-presidente da Fenae, ressaltou que o Saúde Caixa é uma conquista dos empregados. “Esse plano de saúde não foi dado. Foi conquistado. É um plano de autogestão administrado pela Caixa, que é quem tem que pagar essa conta [o déficit]”, afirmou, lembrando das premissas básicas do plano.
Ronaldo Lustosa, diretor do Sindicato e conselheiro deliberativo da Saúde BRB, chamou a atenção dos bancários para a importância do tema. “Trata-se de um assunto ao qual os trabalhadores precisam estar atentos, porque os reflexos na vida de vocês podem ser terríveis. Nossa categoria sofre muito risco de adoecimento psicológico. Já pensou ter que pagar atendimento psicológico na rede privada, quanto seria? E uma cirurgia?”, questionou.
Diretora da Fetec-CUT/CN e bancária do BB, Rejane Ferreira chamou todos os bancários à luta. “Vamos nos mobilizar em defesa do plano de saúde de todos os bancos. É uma conquista que nós e nossos familiares temos e que precisa ser valorizada”.
Marconi Apolo, presidente da Fenag, resumiu: “Esse é um assunto muito importante e que precisa ser discutido por todos”.
Entenda o entrave nas negociações
A Caixa se mantém irredutível em seu posicionamento de limitar suas contribuições para o custeio do plano no percentual fixado pelo estatuto da empresa, de 6,5% da folha de pagamento, o que acarretaria um aumento médio de 85% nas contribuições feitas pelos empregados, o principal entrave das negociações.
Soma-se a isso o fato de que a área de pessoas da Caixa ainda não repassou aos representantes dos empregados, no grupo de trabalho (GT) criado para debater o tema, os dados necessários para a elaboração do estudo atuarial que será utilizado pela consultoria contratada pelas entidades.
Além do fim do teto, os empregados reivindicam a manutenção dos 70/30 da coparticipação (70% para a Caixa e 30% para os empregados); a permanência dos princípios da solidariedade e do pacto intergeracional; Saúde Caixa para todos; e a melhoria e ampliação da rede credenciada.