O argumento de que a Valec, empresa pública responsável pelas ferrovias no Brasil, gera prejuízo, se deve a uma interpretação equivocada, segundo o administrador Pedro Pheeney, da Superintendência de Planejamento e Desenvolvimento da estatal. “É um erro dizer que houve R$ 7 bilhões de prejuízo para a empresa nas últimas décadas. Esse valor se refere a investimentos para a construção de ferrovias, o que, de forma alguma, configura prejuízo. Dizer que a Valec dá prejuízo é uma insanidade”, afirma.
A desconstrução do senso de prejuízo da estatal é um dos pontos que integra a campanha que o movimento Juntos Pelas Ferrovias, ação independente de mobilização criada pelos empregados da Valec no início do ano.
Segundo o documento “Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis”, publicado no site da estatal, o que, muitas vezes, é tratado como prejuízo da empresa pública “decorre basicamente dos efeitos inflacionários da atualização monetária dos Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital; da constituição de provisões para contingências cíveis e trabalhistas e atualizações monetárias; da depreciação dos bens patrimoniais; e da amortização dos bens intangíveis”.
O teor do documento oficial, portanto, aponta que a empresa pública não causa prejuízo financeiro, mas sim o chamado “prejuízo contábil”. A expressão, que costuma ser empregada erroneamente, significa que não há perda de dinheiro e sim uma aplicação de montante referente a recursos ou gastos de funcionamento da estatal.
O resultado em questão se relaciona com o cumprimento das normas instituídas pelo Regime de Competência pelo qual é regida a atuação da Valec na esfera pública. De acordo com Pheeney, o investimento no planejamento e construção de ferrovias gera retorno ao PIB do País.
“Quem diz que o prejuízo da empresa nos últimos anos foi de R$ 7 bilhões não conhece como funciona a Valec dentro da estrutura federal. Esse valor se refere aos investimentos para estudos, projetos, construção e manutenção de ferrovias, o que não configura prejuízo de forma alguma”, reforça o especialista.
O administrador explica que o argumento de que o investimento no modal ferroviário brasileiro causa prejuízo financeiro é “mal intencionado”. “O discurso de que investir em ferrovias dá prejuízo é produto de má intenção e tem o objetivo de enfraquecer a relevância da Valec. Se a empresa pública deixasse de existir, acabaríamos com todo o know how que desenvolvemos no setor e o Brasil ficaria cada vez mais para trás de seus competidores globais”, pontua.