Começa a mobilização pela defesa da integridade orçamentaria da Universidade de Brasília. Alunos, ex-alunos, professores e servidores deram um grande abraço, terça-feira (7), na Biblioteca do Campus Darcy Ribeiro. O Ato contou com a presença de parlamentares de outros Estados, mas nem toda comunidade política do DF esteve presente.
Dos candidatos ao GDF em 2018, só a professora Fátima Sousa compareceu. Da atual gestão do GDF, nem mesmo o secretário de Educação foi defender a principal instituição de ensino da Capital. Dos 24 distritais, estavam lá apenas Fábio Felix (Psol), Leandro Grass (Rede) e Chico Vigilante (PT). Dos oito federais, Erika Kokai (PT) e Professor Israel Batista (PV) marcaram presença e nenhum dos três senadores se fez presente, embora alguns tenham enviado assessores para representá-los.
A lista de faltosos é grande. Dos seis ex-reitores ainda vivos, todos eleitos pela comunidade acadêmica, apenas o professor José Geraldo de Sousa Junior participou do ato em defesa da UnB.
Importância acadêmica
Segundo a 20ª edição do Anuário Estatístico da UnB, até 2017, a universidade havia diplomado mais de 145 mil estudantes de graduação e pós-graduação. Há dois anos, eram cerca de 50 mil universitários matriculados em um dos 153 cursos de graduação ou 158 cursos de mestrado e doutorado.
As estatísticas desmentem aqueles que dizem que é uma instituição para as elites. Dados do perfil social demonstram que apenas 39% dos alunos são de cor branca; 46,9% são declarados negros ou pardos.
Sem contar com uma universidade pública estadual, quem desempenha esse papel no Distrito Federal acaba sendo a Universidade de Brasília, principalmente após a criação dos campi de Gama, Ceilândia e Planaltina.
Saúde
A população do DF conta com uma importante ajuda na área da saúde humana e animal. Em 2016, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) realizou mais de um milhão de procedimentos, entre consultas médicas e odontológicas, cirurgias, exames, hemodiálises, dentre outros.
No atendimento aos animais domésticos (urbanos e rurais), mais de 35 mil procedimentos foram realizados em 2017 pelo Hospital Veterinário, entre exames, cirurgias e internações.
Economia
Em uma cidade em que não há um setor industrial forte, a presença de uma instituição como a UnB ganha importância muito além do seu papel na educação, pesquisa e extensão. Em 2018, o orçamento da universidade foi de R$ 1,7 bilhão, quase todo ele injetado na economia do DF, seja sob a forma de salários e bolsas, seja em compras de bens e serviços.
A sua presença movimenta também atividades do campo do chamado Turismo de Educação – pessoas que se deslocam para Brasília para participar de eventos, cursos ou mesmo para trilhar toda a formação acadêmica. Com isso, ganham os setores de hotelaria, restauração e de locação de imóveis.
A universidade faz girar a economia, contribuindo para a geração de renda e empregos. Entre professores e servidores administrativos, a UnB gera mais de seis mil empregos diretos, sem contar os terceirizados, notadamente nos serviços de limpeza, conservação e vigilância.
Por isso, um garrote federal sufocando a sobrevivência da universidade se torna também num aperto na vida de todos os brasilienses. E os ausentes ao ato de desagravo da UnB parecem não perceber a importância global da instituição para o DF. A sensação que se tem é que, para esse segmento, a UnB é um problema federal, que não diz respeito à cidade.
Estão errados. As classes política, empresarial, os trabalhadores, os estudantes – mesmo os não universitários – precisam compreender que a decadência dessa instituição de ensino representará também decadência para a população de Brasília.
Os empregos que a UnB gera vão da Estrutural ao Lago Sul. A geração de renda vai da vendedora de dim-dim à grande construtora ou empresa de vigilância. Nenhuma outra instituição sediada na Capital, privada ou pública, tem o peso econômico que a UnB possui e, muito menos, a interface social que ela proporciona.
Sucateamento
A classe política nacional já entendeu o que representa o sucateamento das universidades federais no País. Na Câmara Federal, todos os partidos de oposição entraram em obstrução por causa dos cortes de verbas nas universidades públicas e na educação básica. Não votarão nada até o governo dar uma solução para direcionar recursos suficientes para a educação.
Está na hora de Brasília também acordar. A defesa de nossa cidade e de nossa principal universidade não deve ser restrita à comunidade acadêmica, não deve ter cor, partido ou classe social.
Todos devem abraçar essa causa, pois ela vai além da cerca do campus. Candidatos, eleitos ou não, devem demonstrar explicitamente seu compromisso com o DF e com a UnB.