Pesquisa de avaliação do governo realizada pelo instituto Ipec com 2 mil pessoas de 1º a 5 de junho em 127 municípios de todo o País apontou que 37% dos entrevistados consideram a gestão Lula ótima ou boa. Outros 28% classificando o governo como ruim ou péssimo, e 32% avaliam a gestão como regular. 3% não souberam ou não responderam.
Porém, chamou a atenção que eleitores que votaram em Jair Bolsonaro na eleição do ano passado passaram a aprovar o governo Lula. A pesquisa mostra que 8% dos entrevistados que afirmaram ter votado no ex-presidente aprovam o governo Lula como ótimo ou bom. Considerando a margem de erro, esse valor pode estar entre 6% e 10%.
A pesquisa também perguntou se os entrevistados aprovavam a forma como Lula vem administrando o país: 19% dos que dizem ter votado em Bolsonaro no 2º turno responderam que aprovam a forma como o petista está conduzindo o País.
Quaest
O instituto Quaest também divulgou uma pesquisa de avaliação de governo em junho na qual detectou a aprovação do governo Lula por parte do eleitorado bolsonarista. O levantamento apontou que 22% dos entrevistados que afirmam ter votado em Bolsonaro no segundo turno aprovam o governo Lula. A pesquisa foi feita com 2.029 pessoas entre 15 e 18 de junho em 120 municípios e tem uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Perfil – O perfil majoritário dos bolsonaristas que agora aprovam Lula é de mulheres (55%); pessoas de 25 a 34 anos (29%) e de 45 a 59 anos (30%); pretos ou pardos (52%); católicos (53%); estudaram até o ensino médio (42%); estão no Sudeste (32%); vivem em cidades do interior (65%).
Por que bolsonaristas aprovam Lula?
Para a presidente do Ipec, Márcia Cavallari, a aprovação de Lula entre eleitores bolsonaristas afeta uma parte menos ideológica dos seguidores do ex-presidente. Sua opinião é mais influenciada por fatores econômicos como redução da inflação, aumento do poder aquisitivo e crescimento do produto interno bruto (PIB).
“À medida que o governo avança, mesmo quem votou no Bolsonaro vai fazendo uma avaliação do governo e pode mudar sua posição”, disse Cavallari à BBC News Brasil. A presidente do Ipec atribui essa aprovação de Lula entre eleitores de Bolsonaro à sensação de melhora na economia.
“Isso acontece por conta de uma percepção de que diminuiu a inflação e o custo de vida, de que os indicadores econômicos estão melhores, de que Lula está cumprindo o que falou na campanha e de que ele está tomando ações de combate à fome e à pobreza”, afirma Cavallari. “O eleitor está dizendo: ‘Eu não votei nele, mas estou vendo o que está acontecendo’. E vai se reposicionando”.
O diretor da Quaest, Felipe Nunes, também avalia que a percepção de melhora no cenário político pode ter influenciado. Ele explica que o eleitorado “pragmático” de Bolsonaro é aquele que percebeu uma melhora no ambiente econômico no final do ano passado, quando o governo criou benefícios sociais às vésperas do período eleitoral. Segundo Nunes, é essa parcela do eleitorado bolsonarista que aprova agora o governo Lula.
“Esse eleitorado que vota não pela ideologia, mas por pragmatismo, é o que está se movendo neste momento. Ele é minoritário, mas existe”, disse Nunes à BBC News Brasil.
Esther Solano, professora de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (USP), diz que essa compreensão de que o eleitorado bolsonarista não é homogêneo é chave para entender o surgimento dos “lunaristas”. “Nós temos, de um lado, o eleitorado mais ideológico, mais radicalizado, e fiel a Lula. Depois, temos um eleitorado mais moderado que votou de fato no Bolsonaro, mas que não adotou um discurso antipetista tão raivoso, tão violento e agressivo”, diz Solano.
“Nesse eleitorado mais moderado, uma boa parte já votou no Lula em gestões passadas e tem uma lembrança positiva desses governos”.