A eleição da atual diretoria do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Distrito Federal, da região integrada do DF e Entorno e dos estados do Tocantins, Pará e Mato Grosso (Sated) ocorreu em 22 de abril de 2020. Mas somente em 2021 o presidente da Fundação Brasileira de Teatro, Gilberto Figueiredo Rios Filho, tomou conhecimento de que seu nome constava na chapa vencedora. E não gostou da descoberta.
Para desmontar o cenário, no último dia 16 de dezembro registrou a ocorrência na Polícia Civil do estado do Paraná denunciando fraude no Sated. Ao trocar o palco pela delegacia, o teatro brasileiro migrou da seção cultural para as páginas policiais dos jornais. Gilberto contou que a atual chapa venceu a eleição com ele na composição. Mas garante que nunca se interessou em participar de sindicato e, tampouco, esteve presente no dia da contagem dos votos, como consta na ata.
Assinatura falsa
O documento afirma que Gilberto não só esteve no dia do sufrágio como participa da chapa, tendo sido eleito para ocupar o cargo de suplente de diretoria do Sindicato dos Artistas do DF. No entanto, segundo narrou para a polícia, na ocasião da eleição ele estava em Foz do Iguaçu e que “não reconhece a assinatura no documento como sua”. O documento do qual se refere é a ata que legitimou a eleição.
Ilustre advogado
O Brasília Capital teve acesso ao registro, descrito como “Ata Geral de Eleição e Apuração”. O presidente da mesa era Marco Aurélio Gonçalves, ou “ilustre advogado”, conforme foi classificado. A ele coube a incumbência da checagem da urna e contagem dos votos.
O ‘ilustre advogado’ não deve ter tido muito trabalho no dia: dos 606 associados – entre eles nomes famosos, como o do artista Murilo Grossi – apenas 15 se encontravam em condições de votar. Mesmo assim, somente 10 se apresentaram no sufrágio e votaram em “favor da chapa única”, atesta a ata. “Não houve votos nulos ou qualquer protesto ou anormalidade no período dos trabalhos eleitorais de apuração”, encerra o documento.
A Diretoria Efetiva vencedora foi composta de Antônio Arlindo da Cunha, Valmir Ferreira Lima e Liberalino Reis de Oliveira. Gilberto Rios aparece como suplente de Diretoria, mesmo sem ter sequer ficado sabendo.
Apuração criminal
“Declaro também que nunca recebi uma convocatória desta reunião e que não assinei nenhum documento neste sentido, e se existe alguma assinatura, que se faça apuração criminal, e que no mês de agosto da minha estadia propus ao Sated a Banca de Capacitação Profissional na região deste Sated em função da necessidade do projeto da FBT, banca esta que foi elaborada por uma parceria indicada do Paraná”, desabafou Rios, em uma declaração feita de próprio punho.
Momento certo
O Brasília Capital tentou contato com o presidente do Sated, Antônio Arlindo da Cunha. Por mensagem de WhatsApp ele respondeu apenas que “vou falar com toda a imprensa no momento certo”.