The Economist, revista inglesa, sizuda como ela só, encontrou uma ligação – em termos de mercado, claro – entre a premiação do Ainda Estou Aqui e as mudanças no gosto musical dos brasileiros. Logo, da economia fonográfica deste país.
A trilha sonora do filme trouxe de volta sucessos do século passado, o samba e a bossa nova, como os queridinhos do Brasil. Fácil prever: essas canções continuam a ser referência no exterior. Show no Carnegie Hall a gente nunca esquece.
Para a revista, o que aconteceu é que o Brasil passou de um modelo industrial para se tornar um modelo agro. A mudança foge da questão musical, e passa a ser ditada pela economia: nós preferimos sertanejo por causa do agro (o universitário, ou ainda o de cursos de alfabetização).
Mas como a favela não se desgruda do nosso dia a dia, vem a surpresa: acima do sertanejo, adoramos o funk. O sertanejo é tratado como música caipira; o funk é definido como estilo que virou paixão do asfalto.
A diferença entre os dois gêneros: o funk vai se tornar, logo, logo, um sucesso global, aposta a revista. Daí a foto de Anitta ilustrando a matéria. Talvez por repetir seus shows em algumas regiões do país e reprisar o refrão da cerveja, cabine dupla e gado – os caipiras não se tornaram produto de exportação.
Mas, num ponto The Economist errou: além do gado, carrões e bebidas, não citou uma só vez a dor de corno, o inesgotável manancial das lamúrias sertanejas.
Perguntar não ofende – Quais pré-candidatos à Presidência não enviaram congratulações aos autores do primeiro Oscar brasileiro?