O administrador de empresas Eduardo Pedrosa (PTC) tem planos ambiciosos para a carreira política que está iniciando. Com apenas 30 anos, exerce o primeiro mandato de deputado distrital, projetando “algo grande no contexto político”. Mas sabe que precisa ser bem avaliado “para colher bons frutos”. Ele é da base do Buriti, e, nesta entrevista ao Brasília Capital, garante: “A gestão Ibaneis é melhor do que os governos que tivemos nos últimos anos”.
Como tem sido a sua experiência nesse início de carreira política? – No primeiro momento, a gente senta nesta cadeira, tem muitas ideias, quer fazer tudo ao mesmo tempo, mas vai aprendendo que o Legislativo é um pouco moroso. Acredito que a gente conseguiu um bom resultado no nosso primeiro ano. Temos bons trabalhos desenvolvidos pelo DF, e espero continuar nesse rumo para mostrar à população que essa renovação política que aconteceu veio, realmente, ajudar no que a comunidade ansiava.
Qual dos seus projetos o senhor destacaria neste primeiro ano? – Temos um projeto com o que a gente tem feito a legislação mais moderna do Brasil na área de energia solar. O DF está no cinturão do sol. A gente tem uma condição diferente dos outros estados para geração dessa energia. A gente tem condição, com 0,42% da nossa área ocupada por energia solar, de ser 100% independente energético.
Mas existe uma legislação que protege as distribuidoras de energia elétrica. – O que temos feito é buscar pelos investidores privados, pois sabemos que o livre mercado vai acontecer em algum momento. Claro que existem as distribuidoras que têm grande interesse, mas se a gente conseguir ter vários empresários para investir, até para subsidiar seus próprios negócios, a gente já vai conseguir atender a um grande apelo da comunidade, que é a geração de energia limpa e de empregos no DF. A energia que a gente compra hoje vem de Furnas, de Itaipu. O distribuidor, basicamente, transmite. Se a gente puder ter as placas aqui, a origem da energia aqui, produzir aqui, a gente vai ter o emprego gerado, diretamente, aqui. Esse é o nosso intuito.
Que tipo de incentivo pode ser dado a esses empreendedores? – Apresentei na Câmara e levei para o GDF projeto dando a possibilidade de aumentar a isenção do ICMS. Minas Gerais fez e se desenvolveu demais.
Explique essa redução do ICMS. – Todos os estados do Brasil, basicamente, dão isenção do ICMS para o produtor até 1 MW. Então, se eu tenho um shopping, quero fazer uma planta de energia solar para custear a minha atividade, eu tenho isenção só de 1 MW. Se o consumo desse shopping passar de 2 MW, eu não consigo entrar nessa linha da isenção do ICMS.
Como foi a receptividade do GDF? – Muito boa. Inclusive, esse projeto foi protocolado no CONFAZ Digital. Estamos aguardando para que possamos igualar o DF ao Estado de Minas Gerais. Estive no BRB algumas vezes discutindo linhas de crédito para o setor no DF, que foi uma coisa que, em Minas, foi muito importante. A gente já tem o encaminhamento hoje de que isso vai acontecer.
Por que essa referência a Minas? – Porque Minas Gerais é referência no Brasil no ponto de legislação nos últimos 5 anos. Sabemos o que deu certo, o deu errado e estamos tentando copiar aquilo que foi exitoso. A gente tem conseguido conversar bastante com os entes do governo. Recentemente, tivemos uma discussão sobre a resolução da Aneel para a qual fizemos um manifesto na Câmara. Colhi assinatura de 18 dos 24 deputados e fizemos um protocolo na Aneel pedindo uma audiência para, de alguma forma, proteger esse setor.
Além da questão energética, em quais outras frentes o senhor tem trabalhado? – Estamos trabalhando bastante em prol de vagas em creches, que é uma demanda que ouvi demais na cidade. Estamos lutando bastante para que a gente consiga desenvolver a ciência e a tecnologia no DF. Tenho um projeto aprovado, recentemente, que estabelece alíquota única em 2% de ISS para o setor de ciência e tecnologia. Então, o DF trouxe segurança jurídica para os empresários por meio desse nosso projeto, construído junto com o setor. Estamos lutando bastante, também, pela saúde e pela segurança públicas. Mandamos muitas emendas parlamentares destinadas à área de saúde.
Para que setores? – Temos uma emenda destinada ao Instituto de Cardiologia do DF para aquisição de equipamentos que os possibilitem continuar realizando cirurgias cardiológicas em crianças. É o único lugar no DF que faz e estava com uma dificuldade nos equipamentos. Destinamos grande parte dos nossos recursos para a educação. Fui o primeiro deputado a destinar emendas para 100% das escolas públicas do DF.
Em média de quanto por escola? – Varia bastante. Cada escola tem uma demanda diferente, mas a gente fez um planejamento em cima da quantidade de alunos e demanda. Então fizemos mais ou menos dentro de uma proporção igualitária.
Então o cálculo foi feito por aluno? – Exatamente. Como a gente teve esse primeiro ano para avaliar a efetividade desses recursos em cada escola, a gente também teve condições de conhecer outros problemas. Por exemplo, tem uma escola no Gama que não tinha água potável. Levamos para lá uma emenda que viabilizasse a construção de um poço artesiano para que as crianças pudessem tomar água limpa. Agora estamos tocando um projeto nas escolas em áreas rurais para implantar programas de piscicultura.
O senhor é um parlamentar de primeiro mandato, mas com um perfil de executivo. Como está o planejamento da carreira política? – Estou muito animado. Trabalho todos os dias como se fosse o último. Aqui na Câmara, a gente tem de dar o nosso máximo para aprovar cada projeto. Quero, ao longo dos próximos 3 anos, fazer um trabalho para chegar na eleição com a população gostando do meu trabalho. A primeira eleição é um voto de confiança, a segunda eu acredito que é um julgamento. Temos de ser bem avaliados para poder colher bons frutos no futuro. Claro, a gente tem anseios. Penso em algo grande, no contexto político. Mas também tenho pé no chão. Sei que tenho de me dedicar todos os dias para poder ter condições.
O senhor tem cargos no governo? – Não.
E se lhe fosse oferecido, assumiria? – Se eu tivesse a possibilidade de sugerir… Acho a palavra indicar muito forte. Gosto de sugerir. Tem pessoas próximas a nós que têm capacidade e condição de trabalhar, se o governo quiser acatar nossas sugestões. Agora, eu indicar, não tenho vontade. Até porque, venho tocando as coisas de uma maneira independente na Câmara, e tenho tido a possibilidade de propor vários projetos, que, às vezes, são alinhados com o governo, bons para a sociedade, mas que o governo, naquele momento, acredita que não são os melhores possíveis.
Estamos na última semana deste ano legislativo. Qual sua avaliação? – Foi um bom ano. Claro que a gente sempre acha que poderia ter sido melhor. Posso falar por mim. Trabalhamos muito. Nosso gabinete esteve muito ativo, muito presente nas cidades. Fiz mais de 100 reuniões nas cidades. Tenho visto o problema no local. A gente procura entregar o que a população espera, que é representatividade, nunca distante do povo.
E quanto ao Executivo? O que mudou nesses últimos 11 meses em relação ao governo passado? – O governo tem boas intenções, tem sido mais dinâmico. É um governo melhor do que os que nós tivemos nos últimos anos. Pode ser melhor ainda. Acho que ainda tem algumas coisas que têm de entrar no rumo. Mas acredito que o governo fez um trabalho neste primeiro ano que voltou a trazer uma segurança para a comunidade de que as coisas podem ter um rumo certo.
Que coisas podem melhorar? – A saúde, principalmente. A segurança é uma coisa que a gente tem falado muito.
O governo tem anunciado muitas iniciativas para melhorar a saúde. O que mais pode ser feito? – Precisamos de profissionais na rede. Precisamos de gestão e organização. Não adianta também colocar uma grande quantidade de médicos e não ter ninguém para gerir, para demandar. Sou defensor da meritocracia no serviço público. Estamos lançando a frente parlamentar e quero debater isso. É polêmico, mas acredito que fundamental a gente falar sobre. Mas também tem de dar condições de trabalho para esses profissionais. Acho que do ponto de vista das compras governamentais, a gestão da Secretaria tem de mudar muita coisa.
O Instituto de Gestão Estratégica da Saúde (Iges) é uma boa iniciativa? – O instituto tem se mostrado um modelo que tem ajudado. Espero ter, em fevereiro, os indicativos desse primeiro ano do projeto que votamos no início do ano, possibilitando a presença de mais institutos. Apoiei porque queria dar um voto de confiança para o que o governo se propôs a construir. Agora vamos checar e ver os números porque dentro daquele projeto foram estabelecidas metas. Vamos ver se essas metas foram batidas e como elas foram batidas. São métricas que foram criadas no sentido de dar condição de avaliar o que a população está achando disso que foi construído com o instituto.
O que o senhor projeta para Brasília no ano de 2020, quando a cidade completará 60 anos? – Projeto um ano bom. Espero que a gente consiga realizar muita coisa. Temos várias coisas plantadas. No nosso gabinete, especialmente, temos muitos projetos desenvolvidos que neste ano que vem a gente quer começar a colher e mostrar para a comunidade o quanto isso vai ajudá-la. Então, estou bem animado e motivado. Acho que o momento é muito oportuno para a nossa cidade e a gente vai conseguir realizar muita coisa ainda. Espero estar representando a população da melhor maneira possível.