É tempo de Botafogo. A frase do atacante botafoguense Matheus Martins, cria de Xerém (centro de treinamento do Fluminense), no dia 1º de agosto, viralizou na internet, e tornou-se mantra da torcida alvinegra. E, após o Glorioso conquistar pela primeira vez, no sábado (30/11), o título da Copa Libertadores das Américas, não é exagero dizer que ela soa como premonição.
Até então, para os mais jovens adeptos do clube de General Severiano, títulos importantes eram apenas história de um passado distante. Agora, sob a batuta do bilionário capitalista norte-americano John Textor, a “glória eterna” empolga até esquerdistas radicais.
Depois de uma viagem de Brasília a Buenos Aires, o presidente do Iphan, Leandro Grass, e os jornalistas Chico Sant’Anna e Hélio Doyle (ex-presidente da EBC) chegaram de trem (foto) ao estádio Monumental de Núñez. O trio teve mais sorte que o estudante Gustavo Pontes. O voo dele para a capital argentina foi cancelado duas vezes e, assim, não pôde estar ao lado dos pais e do irmão, Felipe. E comemorou o título num bar no bairro de Moema, em São Paulo.
“Não consigo nem ver as imagens da festa lá. Fico triste e sinto raiva”, desabafa Gustavo.
O jornalista Eduardo Monteiro aproveitou para buscar histórias com momentos curiosos da superstição botafoguense (que ele próprio pratica).
“Há coisas que só acontecem ao Botafogo”, diz ele, recordando o bordão mais conhecido até este ano. Monteiro cita uma história que emocionou as pessoas e está nas redes sociais.
O menino Miguel Torres, de 11 anos, natural de Cabeceiras, no Entorno do DF, mesmo sendo de uma família de flamenguistas, manifestou desde cedo sua paixão pelo Botafogo.
No domingo (1º), o campeão Miguel acordou cedo, chamou seu cachorro Bilu e partiu, a pé, rumo ao distrito de Lagoa, a 6 Km de sua casa, para pagar a promessa feita à padroeira pelo título da Libertadores.
“Escolhi ir até Lagoa porque é lá que as pessoas costumam ir pagar promessas na Igreja de Nossa Senhora. Levei o Bilu porque é um verdadeiro amigo e deu sorte”.
Cachorrada – A alegria de Miguel e seu fiel Bilu remete a uma relação de proximidade que o clube da estrela solitária tem com a figura do cachorro, um dos mascotes do time. Tudo começou em 1948. Havia 13 anos – sempre o 13 – que o Botafogo não conquistava um título.
Durante um clássico contra o Flamengo, perdia de 3 a 1. De repente, entra em campo um vira-lata preto e branco, e o jogo é paralisado. Após o reinício da partida, o Botafogo virou o placar para 5 a 3. O vira-lata foi batizado de Biriba e virou mascote do clube.
O “herói” Biriba foi achado na rua pelo zagueiro Macaé e levado para a sede do clube. Acabou adotado como talismã por Carlito Rocha, presidente do Botafogo na década de 1940, conhecido por suas superstições.
Resta saber se em 2024 o “capitalista selvagem” John Textor vai levar Bilu como sucessor de Biriba em General Severiano para que a torcida botafoguense continue fazendo jus ao apelido de “cachorrada”.