“Sou antigo demais para não ser amor.”
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Talvez eu seja antigo demais para não perdoar o amor e sempre permitir que ele chegue, fazendo malabarismos com as partes até então mais protegidas de mim. É estranho, eu sei. O amor nos consome com suas pontadas, mas um breve estalo de sua existência recupera nossas forças. Quando me dou conta, é ele quem me soma, me divide e me compartilha por aí. O amor me distribui, me faz vários. Amando me despedaço. Amando me espalho, perco o controle de mim.
Sou antigo demais para não acreditar. Confio no amor que refaz os caminhos e acaba dando certo. Que repousa em sorrisos. E sorri as lágrimas. No amor que desconhece as coisas não ditas, que se revela até sem ninguém perguntar. Amor que ama e independe. Amor que fica e não deixa de ser amor, até o último suspirar.
Nunca fugi do amor. Confesso. Fiz dele a sorte do meu azar. Duvido dos amores fáceis. Dos que se ostentam em capa de revistas. Dos que não caem em tropeços e seguem em linha reta sem ter que nunca contornar. É antigo, eu sei. Mas, eu sempre sangrei amor. E me curei só para recomeçar.
Sou antigo demais para ignorar o amor. Para não olhar para trás, aceitando que ele possa voltar. Já me doeu. Já me feriu. Mas quando ele acena, me dou. Eu vou. Não sei dizer não. O amor nunca me viu contestar.
Talvez seja esse o meu erro. Enxergar amor até por trás dos meus olhos tristes. Talvez amar seja essa insanidade, um pouco doentia, contra a qual a gente não se vacina. Porque sente o que ele tem de bom ainda que ele interrompa nossas rimas. Porque o goza mesmo quando ele insiste em maltratar.
Sou antigo demais para não ser amor. Ele me conta em horas e fantasias perdidas. Mas me encontro nele. E nele permaneço, esperando você chegar.