BR 20 engarrafamento dezembro de 2021 entre planaltina DF sobradinho DF – Foto: Ilson Santos
Chico Sant’Anna
Nas eleições de 2018, quando substituiu José Roberto Arruda, impugnado pela Lei da Ficha Suja, Joffran Frejat lançou a proposta de ônibus a R$ 1. Quase venceu Rodrigo Rollemberg (PSB). Agora, quem se vale de um estratagema parecido é Paulo Octávio (PSD).
Ele capturou bandeira de organizações de esquerda e promete implantar a tarifa zero. Brasília seria a primeira capital no País a fazê-lo, disse ele no debate da TV Globo, na terça-feira (27). O custo? R$ 2,5 bilhões ao ano. Pouco mais do dobro do que o GDF já paga como subsídio às empresas de ônibus.
Com ou sem tarifa zero, o tema mobilidade urbana atravessou a eleição e tende, mais uma vez, a engarrafar o a capital. Há décadas, não vemos uma solução eficaz para o transporte de passageiros no DF.
Como disse Leila do Vôlei (PDT) no debate, antes de se falar em tarifa zero, tem que focar a melhoria e a ampliação do transporte. Na proposta dela, tudo passa pela implantação do VLT do Aeroporto à Asa Norte, indo pela W-3 e retornando pela L-2; pelo monotrilho para Sobradinho e Planaltina e pela ampliação do metrô, com a esperada conclusão da linha até o Setor O, de Ceilândia, Expansão de Samambaia e Asa Norte.
Propostas interessantes, mas que além de dinheiro, dependem de vontade política e disposição de enfrentar os cartéis dos ônibus a das concessionárias de automóveis.
Ibaneis não fala em VLT
Ibaneis Rocha (MDB) não tocou no tema VLT, nem na polêmica quarta ponte sobre o Lago. Além de mais viadutos, só promete implantar o BRT para a saída Norte do DF e ampliar o metrô até o Setor O e Expansão de Samambaia.
Este trecho, a exemplo do VLT, contava com recursos federais desde 2009. O ex-governador Arruda, de quem PO foi vice, desperdiçou a oportunidade de implantar esse modal. Não vale a desculpa de que foi cassado, pois faltava pouco tempo para terminar seu mandato e a verba havia sido disponibilizada no início de seu governo.
Todos os governadores que o sucederam pecaram em não concluir esses trechos. Ibaneis insiste no BRT. Pensado no governo Arruda, que reformou a EPTG, mas não comprou os ônibus, o sistema foi implantado na saída Sul, por Agnelo.
Com as vias exclusivas, o BRT organizou melhor o trânsito, mas não resolveu o problema da mobilidade. A melhor prova são os engarrafamentos na Epia-Sul, que começam às 5h da manhã e, na volta, às 16h da tarde.
Se os governantes não se conscientizarem de que ônibus, mesmo os articulados, não resolvem o problema, e que só um transporte massivo sobre trilhos irá desafogar as cidades do DF, teremos mais um mandato de engarrafamentos.
Armadilha
O atual governo pensa em entregar à iniciativa privada a gestão do metrô e a implantação e gestão do VLT. O edital do metrô, sob análise do Tribunal de Contas da União, além dos indícios de superfaturamento já constatados pelos técnicos, não prevê que a empresa vencedora construa um centímetro sequer de novas linhas.
É apenas a terceirização da gestão a um custo estimado, em setembro de 2019, de R$ 13 bilhões em 30 anos. O mais grave na privatização do metrô e do VLT é que, até agora, despontam como as potenciais futuras gestoras duas empresas que já controlam grande parte do transporte de passageiros por ônibus.
São elas, a Pioneira e Piracicabana, do Grupo Comporte – holding dos negócios do clã Nenê Constantino. Se tiverem êxito e mantidos os contratos que Pioneira e Piracicabana já possuem no DF, o grupo será responsável, no DF, por transportar até 700 mil passageiros/dia em diferentes modais.
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