Quando penso na atual febre de comprar fraldas, mamadeiras, roupinhas azuis e cor de rosa para bebês que não fazem xixi, não comem e nem precisam de roupas para o inverno, sinto falta de alguma coisa.
Mesmo equivocadamente, os objetos serviam para condicionar o perfeito papel a ser desempenhado pelas meninas cor de rosa: uma parideira de respeito e perfeita dona de casa – fogões, armarinhos, panelinhas, frigideira, pias para lavar a louça.
(Hoje, tem até congressista resolvendo o problema, ao propor uma licença paternidade para o pai do imbróglio. Estamos falando de adultos. No caso, de uma mulher).
Os influenciadores chegam a conclusões distintas: uns dizem que é preciso entender o pavor dos adultos ao serem chamados à responsabilidade; outros, reclamam da falta de sensibilidade de pais que têm mais a fazer do que criar crianças de carne e osso. E que ainda choram, fazem birra, querem comer, beber etc. e tal.
Os pessimistas lembram daquele filme do Steven Spielberg chamado Inteligência Artificial. Nele, conta-se a história de David, um humanoide de última geração, vendido em lojas de varejo. Para consolo contra a solidão de casais que têm coisas mais importantes para se preocupar do que dar mamadeira a quem não precisa?
E lembram que a coisa tá mais pra hashtag #VaiPiorar. Chega a ser desolador? E-mails para a redação. Ou cartões postais.
Ou se acostumem com a realidade que falta no pedaço: os reborn a que nos acostumamos a ver pelas ruas estão mais pro nosso Cro-Magnon do que pro Robô Sapiens do Spielberg.