Batalhão de Taguatinga é considerado um dos melhores do DF, mas pode perder centro de videomonitoramento
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Conhecido por fazer grandes operações mesmo tendo pouco efetivo e orçamento baixo, o 2º Batalhão da Polícia Militar – o Dois de Ouro, para os íntimos – completou na terça-feira (10) 44 anos. Com 449 policiais militares em seu efetivo, o batalhão aguarda a chegada de parte dos 700 Praças que estão em treinamento e se formarão em abril. Em maio será inaugurada a unidade de atendimento odontológico para atender os policiais. Mas o 2º BPM está prestes a perder aquele que seria o maior avanço da unidade nestes 44 anos: a Central de Videomonitoramento da cidade.
O chefe do Comando de Policiamento Regional Oeste (CPRO), coronel Gilson Santiago Messias, reconheceu a união dos policiais e afirmou que o Dois de Ouro é uma referência para o DF. \”Que sirva de exemplo para os demais batalhões. Temos muito a transmitir na prática para os mais novos\”. A sargento Mirian, do Grupo Tático Operacional (Gtop), foi homenageada pela maior apreensão de cocaína do mês de fevereiro no DF: quase 22 Kg da droga. Ela foi a responsável pela operação.
De acordo com o comandante do 2º BPM, tenente-coronel Edgar Rojas, a missão do Dois de Ouro perdurou no tempo. \”Hoje tenho orgulho de estar à frente desta unidade, não como um comandante, mas sim como um soldado a mais que combate a criminalidade para que o cidadão de bem possa repousar ou se divertir em paz\”, garante.
Em fevereiro, o Dois de Ouro apreendeu a maior quantidade de cocaína do ano de 2015 no DF. Foram quase 22 Kg do tipo “escama de peixe”, considerada a mais pura e a mais procurada por usuários e traficantes. A operação foi comandada pela sargento Miriam, do Grupo Tático Operacional (Gtop), que foi condecorada pelo dia da mulher e pelo comando durante as comemorações do aniversário do batalhão.
Prejuízo para a cidade
Já são 120 câmeras de monitoramento espalhados por toda Taguatinga. A Central de Videomonitoramento está em fase final de instalação no 2º BPM. Para receber a estrutura, os próprios policiais fizeram uma força tarefa para desocupar e reformar uma sala da unidade. As instalações estão praticamente prontas. As televisões, os computadores, o cabeamento de fibra ótica e até a porta com identificação de impressão digital já estão instalados. Porém, com a troca de governo, a nova direção da Secretaria de Segurança Pública, responsável pelo projeto, está pretendendo retirar de Taguatinga este benefício.
“Seria regredir no combate à criminalidade. Só quem se prejudica com o fim do monitoramento por câmeras é o cidadão de bem. O sistema é um sucesso por onde passou. Taguatinga não pode ser prejudicada por iniciativas fruto de política, ou, politicagem”, afirmou um oficial da corporação que passava orgulhoso pela porta da sala onde a central está sendo instalada (ou, desinstalada). Ele pediu para não ser identificado.
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As vias e vielas do centro de Taguatinga já têm o sistema de filmagem, que é independente da unidade de comando alojada no 2º BPM. As câmeras são ligadas via Wi Fi e o comando fica em um ônibus estacionado na Praça do Relógio. Mesmo em menor quantidade, o sistema que foi implementado pelo programa ‘Crack, é possível vencer’, do governo federal, já rendeu grandes apreensões e prisões de traficantes na região.
Os policiais contam que dificilmente conseguem autuar um traficante com grande volume de droga em mãos. “Eles deixam a parte maior da droga guardada e andam com uma quantidade que os enquadras apenas como usuário”, contam os policiais. Numa operação no centro de Taguatinga, no início do ano, as câmeras flagraram o traficante escondendo a droga. A imagem foi a prova que a polícia precisava para prendê-lo com base no Artigo 33 do Código Penal: tráfico de drogas, com pena que varia de cinco a quinze anos de prisão.
Todo este investimento está prestes a ser retirado de Taguatinga. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública e Paz Social não respondeu aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição.
GDF ameaça tirar câmeras de Taguatinga
O presidente da Associação Comercial de Taguatinga (Acit), Justo Magalhães, condena a retirada do centro de videomonitoramento da cidade. “Taguatinga já está com um déficit de mais de 500 policiais. O Batalhão tem que se desdobrar para atender uma cidade de 300 mil habitantes e que é destino ou passagem diária de quase um milhão de pessoas. E ainda, pra piorar a siuação, estão querendo tirar as câmeras, que são grandes aliadas da segurança pública e dos cidadãos de bem”.
Já foram enviados ofícios à Secretaria de Segurança Pública e ao vice-governador, Renato Santana, pedindo a manutenção da central de Taguatinga. Até o momento, não houve posicionamento oficial dos órgãos sobre o caso.