Wílon Wander Lopes (*)
Vivendo no Distrito Federal desde 1959, um ano antes da inauguração de Brasília, trazido da cidade mineira de Governador Valadares pela minha família, atendendo o chamado do eterno líder JK, morei na Cidade Livre, em Taguatinga, na Asa Norte, na W3, no Park Way, em Vicente Pires, na Vila Planalto e no Lago Sul. Ou seja, sou um cidadão pleno desta metrópole que é, também, a capital federal do País.
Participando ativamente das entidades sociais de todo o DF, especialmente em Taguatinga, onde tenho o cinquentenário Jornal Satélite, levantei, com advogados e empresários, a vitoriosa campanha pelo direito de voto no DF, porque Brasília figurava como única “cidade cassada” do Brasil (resposta de Tancredo Neves a uma pergunta minha, na OAB/DF). Assim, escrevo este artigo, o qual tem a ver com um pai que vê uma filha sendo agredida por estranhos. E com risco de continuar a ser…
No dia 12 de dezembro do esquisito ano eleitoral de 2022, nossa Brasília, a cidade que fizemos e onde vivemos, foi violentada por radicais manifestantes que, embora agindo na frente da polícia, não foram presos. Botaram fogo em cinco ônibus e muitos outros carros, inclusive um defronte a um posto de gasolina, em flagrante ato de terrorismo. Agrediram pessoas e chegaram ao absurdo de tentar invadir a sede da Polícia Federal. Não é demais?
Transformaram o centro de Brasília em uma praça de guerra. Criaram uma sensação de insegurança em Brasília e no DF, a qual se estendeu por todo o Brasil. As imagens revoltantes mostram bem o caráter dos até chamados terroristas, nestes tempos de radicalização entre lulistas e bolsonaristas. Os vândalos agiam aparentando que os absurdos que faziam tinham sido muito bem orquestrados. Seriam profissionais?
As notícias e fotos do vandalismo chegaram em todo o Brasil e no exterior. Tais manifestações aconteceram logo após Lula e Alckmin serem diplomados Presidente e Vice-Presidente da República pelo Tribunal Superior Eleitoral, presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, tido por uns como anjo, por outros como diabo.
Aqui não tomo posição político-partidária. Como membro do Instituto Histórico e Geográfico do DF, tenho até a obrigação de registrar, neste artigo, fatos históricos que abalaram as pessoas que escolheram o DF para viver e que têm medo de se ver envolvidas em coisas absurdas – só por transitar na sua cidade, tomada por gente raivosa – de fora…
Porque a cidade onde moramos também é capital federal, muitas ruas por onde passamos, no Plano Piloto, para vir ao trabalho e voltar para casa, foram bloqueadas, tendo em vista as medidas de segurança que o GDF tomou (?) para evitar manifestações tão radicais. A dúvida gerou a prisão do ex-secretário de Segurança, Anderson Torres, e a intervenção federal no DF, com o afastamento do governador Ibaneis Rocha.
O pior é que os vandalismos tão estranhos como o do dia 12 de dezembro se repetiram, no dia 8 de janeiro, contra o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, símbolos da nossa Democracia.
Já ficou claro que os chamados terroristas são, na sua grande maioria, gente maldosa vinda de outras cidades. Após tanta barbárie, os que ficaram, presos, estão usando, de forma privilegiada, a nossa tão carente estrutura de Saúde e de Segurança. Os que voltaram, esculhambam com a imagem de Brasília, duplamente castigada…
Os moradores do DF, que enfrentam o ineficiente, deficitário e desconfortável transporte coletivo ao virem para o Plano Piloto, assim garantindo o funcionamento da maioria das empresas de Brasília, inclusive as repartições do governo, é que sofrem mais… porque a cidade onde moram e trabalham é, também, a capital federal. Sofrem, mas não podem faltar – se não, perdem o emprego…
Pior de tudo é que nossa Brasília, por abrigar os políticos que todo o Brasil manda pra cá, ganhou injustamente um triste apelido: capital da corrupção – o que revolta a sua cidadania, que, por isso, mesmo nada tendo a ver com tais pecados, é até agredida em outras plagas – só porque seus carros têm a placa do DF/Brasília.
Ou seja, como diz o título, dói… dói muito… morar em uma cidade que também é capital federal.
(*) Presidente da Confraria dos Cidadãos Honorários de Brasília