Caroline Romeiro (*)
Em 27 de setembro, celebramos o Dia Nacional da Doação de Órgãos — momento para lembrar o poder transformador desse gesto e a urgência de mobilização social. Quem doa dá vida. Quem recebe depende, entre tantos fatores, de um corpo bem nutrido.
O estado nutricional prévio tem peso decisivo no sucesso do transplante. Pacientes com desnutrição enfrentam risco elevado de infecções, cicatrização lenta e maior tempo de permanência em UTI.
A literatura mostra que a recuperação de massa corporal e proteína após a cirurgia se associa a melhores desfechos clínicos. Por isso, no preparo ao transplante, nutricionistas trabalham para restabelecer reservas, corrigir deficiências e modular a inflamação.
Essa preparação inclui dieta hipercalórica e hiperproteica, suplementação (quando necessária) e acompanhamento laboratorial constante.
Depois do transplante, o cuidado nutricional segue essencial: é preciso ajustar a dieta ao uso de imunossupressores, controlar glicose, lipídeos e demais complicações metabólicas, preservando não apenas o órgão, mas a qualidade de vida do transplantado.
Em uma singela homenagem, lembramos aqui do amigo Luiz Henrique Perillo, que enfrentou um transplante múltiplo de órgãos. Quando foi internado, estava severamente desnutrido. Ele lutou para se fortalecer e se preparar.
Infelizmente, muitos outros fatores — imunológicos, clínicos e cirúrgicos — estavam fora do alcance e de controle. E Luiz Henrique não resistiu aos procedimentos e faleceu na madrugada de terça-feira (30).
Que sua história nos inspire a valorizar a doação e a nutrição como parte do cuidado integral.
(*) Mestre em Nutrição Humana, coordenadora técnica de Nutrição do Conselho Federal de Nutrição e docente do Curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília (UCB)