O Distrito Federal decretou estado de alerta para o vírus H1N1. A Secretaria de Saúde está temerosa com o avanço e a letalidade do germe. Ao todo, três pessoas morreram, 26 estão doentes e há outros 85 casos em investigação. Esta é a primeira vez — exceto em 2009, ano da pandemia de gripe suína — que a cidade registra esse volume de infecções e óbitos nos três primeiros meses do ano. Para tentar conter o avanço da doença, o Executivo local antecipou a vacinação dos grupos de risco, como o Correio adiantou na edição de quarta-feira. O estoque está abastecido com 162 mil doses do imunobiológico — 25% do total. O Ministério da Saúde programou cinco repasses do insumo ao DF.
Cinco casos de H1N1 ocorreram em crianças menores de 5 anos. Outras 19 situações em adultos de 20 a 59 anos e duas infecções em idosos acima de 60 anos. Entre os adultos, três são gestantes — uma delas está internada há mais de 20 dias. Ao todo, 22 pessoas tiveram complicações e precisaram ficar hospitalizadas.
O subsecretário de Vigilância à Saúde, Tiago Coelho, garante que não há motivo para desespero, mas que a situação requer cuidados pelo nível de letalidade e alto volume de contaminações. “Os números estão atípicos. Três mortes e 26 contaminações nas 13 primeiras semanas do ano chama a atenção”, disse o médico. Em todo o ano passado, não houve registros da doença no DF. Em 2014, 21 pessoas se contaminaram e quatro morreram. Durante a pandemia de gripe suína, em 2009, a Secretaria de Saúde registrou 10 mortes e 668 casos confirmados de H1N1.
As vítimas do H1N1 em 2016 moram em Águas Claras, no Paranoá e em Vicente Pires. Todas as mortes ocorreram em mulheres — uma idosa de 80 anos e duas adultas entre 30 e 49 anos. Um óbito está em investigação. Na quinta-feira, a morte do assessor parlamentar Ivo Nogueira Romualdo, 36 anos, foi atribuída à doença. Por telefone, a família confirmou ao Correio a suspeita e disse que o tratamento estava sendo para a gripe suína. Ivo estava internado na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital São Mateus desde a semana passada.
Como circula tanto em humanos como em porcos e aves, o vírus tem mais organismos vivos para serem alternados. Os outros tipos de gripe não causam quadros tão graves porque o nosso sistema de defesa já teve contato com eles. “A circulação do vírus começou antes do seu período sazonal e tem se disseminado rapidamente, mas não há motivo para alarde”, avalia a diretora de Vigilância Epidemiológica, Cristina Segatto (leia Quatro perguntas para).
Vacinação adiantada
A Secretaria de Saúde recebeu, ontem, 162.950 mil doses da vacina trivalente — contra as gripes H1N1, H3N2 e Influenza B. A capital federal antecipou para 25 de abril o início da campanha de imunização, antes prevista para o dia 30. Caso a pasta receba outras 130 mil doses do insumo, a data pode ser alterada para o dia18 deste mês. Crianças menores de 5 anos e gestantes são o alvo neste primeiro momento. A eficácia varia entre 60% e 90%, dependendo da faixa etária do paciente e de outros fatores, como presença de infecções e doenças crônicas, a exemplo de diabetes, asma e outros males respiratórios. Em média, a vacina leva de 30a 60 dias para começar a fazer efeito.
O GDF pretende imunizar pelo menos 600 mil pessoas. São 203 mil idosos acima de 65 anos, 33 mil gestantes, 180 mil crianças menores de 5 anos, 90 mil doentes crônicos, além de outras 73 mil pessoas entre presidiários e profissionais de saúde. “Percebemos que as crianças e as gestantes têm uma incidência maior de letalidade nos casos observados até o momento. O sistema imunológico desses grupos está prejudicado nessa fase da vida”, explicou o subsecretário.
No ano passado, o Executivo local se viu obrigado a prorrogar o prazo de vacinação. Apenas 57% do público-alvo havia procurado os postos de imunização. No fim da campanha, 523.452 pessoas receberam doses da vacina. Segundo a Secretaria de Saúde, 93,5% dos idosos se vacinaram. Já os grupos de crianças e gestantes não atingiram a meta de pelo menos 80%.