Após receber incontáveis denúncias da população sobre superlotação e falta de profissionais, especialmente médicos, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa fez, na terça-feira (14), uma vistoria no Hospital Regional de Ceilândia.
Os deputados distritais encontraram dezenas de pessoas nos corredores do Pronto Socorro, que tem capacidade de atender 40 pacientes e, naquele momento, recebia mais de 100 amontoados por todos os cantos. A sala vermelha, destinada aos pacientes em estado grave, operava com o dobro da capacidade que a estrutura comporta.
Também alvo de uma fiscalização este mês, o Hospital de Base, gerido pelo Instituto de Gestão Estratégica (Iges-DF), estava em um cenário de caos: pacientes internados em corredores, infiltrações em diversos pontos do prédio, falta de profissionais e leitos improvisados no pronto-socorro, devido à superlotação. Com capacidade para 71 pacientes, a Emergência do HBDF tem operado com uma média de 178 internados, sem contar a crescente lista de espera.
Gargalo – O grande gargalo que os hospitais e unidades de saúde enfrentam, segundo a Secretaria de Saúde, está fora do controle do governo, que é o expressivo número de pacientes de outras unidades da federação que se deslocam para o DF em busca de tratamento.
Não se restringe a pacientes que residem no Entorno. É possível identificar pessoas vindas do Amapá, de Rondônia, da Bahia, de Tocantins, Acre, Piauí, entre outros. Por determinação constitucional, os hospitais não podem (nem devem) rejeitar o acolhimento de um doente por ele ser residente e outro estado, como muitos pensam e defendem.
E é justamente por esse contexto que, por mais paradoxal que possa parecer, quanto mais o GDF amplia sua rede de saúde, maior será a procura por atendimento, visto que atrairá um volume ainda maior de pessoas vindas de outras regiões em busca.
O Sistema Único de Saúde (SUS) universaliza o atendimento no Brasil. Devido a essa diretriz, é urgente que seja debatida uma atuação conjunta entre o GDF e o governo federal, visto que o DF está absorvendo uma demanda que é de responsabilidade de outros estados. A única certeza que se pode ter é que a luta por uma saúde digna na capital da República não deve ser tratada como demanda local, e sim nacional.