A greve dos Rodoviários do Distrito Federal está suspensa até o próximo dia 19, mas nem por isso ela não está movimentando a política da cidade. Nesta terça (7), em sessão da Câmara Legislativa, distritais declararam apoio ao movimento e criticaram os empresários e a postura do governo de aceitar situações como a da empresa Marechal, que ainda não tinha feito o pagamento de seus colaboradores.
O dia 19 foi marcado como o Dia D e a hora H para os rodoviários avaliarem as novas propostas das empresas patronais e decidirem se continuam a trabalhar ou se retoma a paralisação, desta vez por tempo indeterminado.
Depois do acordo feito na segunda (6), quando motoristas e cobradores decidiram em assembleia suspender o movimento, os empresários e a Justiça do Trabalho concordaram em não punir os trabalhadores que pararam e retiraram as multas aplicadas ao sindicato. Desde a segunda (6) todos os 2.850 ônibus que atendem a população do Distrito Federal voltaram a circular, com exceção dos carros da Marechal.
Câmara Legislativa- O deputado distrital Fábio Felix (PSOL) defendeu a categoria e criticou os repasses de verbas públicas para as empresas concessionárias do transporte público. “A greve dos rodoviários é uma luta legítima que conta com nosso apoio. Temos hoje um transporte público que é 71% subsidiado pelo estado e que é de péssima qualidade. Esta Casa fecha os olhos e ouvidos para a situação de calamidade no transporte. É uma caixa preta, são poucas empresas faturando tudo. E a gente vem aqui e coloca o selo, transfere dinheiro sem cobrar os dados. Entrega de subsídio sem transparência não dá mais”, reclamou.
Para Chico Vigilante (PT) é preciso encerrar o contrato de concessão da empresa Marechal. “Ontem, em reunião no Tribunal Regional do Trabalho, foi solicitado aos trabalhadores que suspendessem a greve por dez dias. Sabem o que a empresa Marechal fez? Não pagou os salários deles, sabendo que eles iriam continuar em greve. Como o trabalhador vai ficar sem seu salário? Está na hora de o GDF ter a coragem de romper o contrato com a Marechal e distribuir as linhas dela para outras empresas”, reivindicou.
O deputado Gabriel Magno (PT) criticou a condução da situação pelo governador Ibaneis Rocha. “Hoje os trabalhadores da Marechal estão em greve porque não receberam salário. E o que o Ibaneis faz? Entra na justiça para processar o sindicato. Eu quero saber qual é a multa para o empresário que já recebeu mais de R$ 1,5 bilhão de dinheiro público e não paga o salário dos trabalhadores. Sabem qual é a punição para esse tipo de empresário? Ganhar mais um contrato de dez anos e continuar recebendo vultosos recursos”, apontou.
Por fim, o deputado Max Maciel (PSOL) alertou para um possível reajuste na tarifa ainda neste ano. “Esse modelo de transporte já era. A tendência é cada vez mais as pessoas saírem do sistema, e quanto mais gente sai do sistema, mais aumenta a tarifa. A conta não está fechando. Podem anotar, vai haver aumento de tarifa até o fim do ano. E o problema não se resolve, pois quando se aumenta a tarifa muitos usuários preferem usar moto ou carro. Temos que nos somar a esses trabalhadores em greve. Os que lutam por seus direitos não podem ser criminalizados. Se o governo fosse sério, já teria estatizado essas empresas”, criticou.