Antes, como repórter, e agora, como turista, já viajei pelos quatro cantos do mundo e conheço o Brasil como a palma da minha mão. Na última incursão, lamentavelmente, foi quando tropecei inúmeras vezes com o preconceito racial contra brasileiros negros e até mesmo discriminação ostensiva, o que é mais grave.
Cito aqui um exemplo contundente. Em Salvador, capital da Bahia, cidade na qual cerca de 70% são afro-descendentes de aparência bonita, há uma tradicional agremiação de elite com o nome de Clube Bahiano de Tênis, na qual não aceitam como sócios ou frequentadores eventuais pessoas de epiderme escura. Isto é não só chocante, mas também crime, segundo a Lei 7.716, aprovada em 5 de janeiro de 1989, que teoricamente colocou um ponto final no problema.
O que tudo indica é que a compra de negros na África, para revendê-los a países capitalistas, baseava-se na constatação de que esses escravos de pele escura, além de fortes fisicamente, eram de índole dócil, o que facilitava as transações sem protestos. No Brasil, depois da escravidão permanecer vigente desde 1550 (nada menos de 300 anos!), finalmente Dona Isabel, a princesa regente, sancionou a Lei Áurea a 13 de Maio de 1888, libertando os escravos, na ausência do imperador D. Pedro II, que se encontrava em viagem ao exterior.
De lá para cá, os negros continuam dando provas de sua excepcional condição física, a exemplo das incontáveis vitórias internacionais de atletas afros em todas as modalidades esportivas. Historicamente, basta relembrar a performance do competidor negro norte-americano Jesse Owens, nas Olimpíadas de Berlim, em 1936. A sensacional conquista desmoralizou Adolf Hitler, que se encontrava presente no estádio, com a intenção de apresentar ao mundo a superioridade dos participantes alemães, que ele considerava \”arianos\” (raça pura, de brancos), que só existia na cabeça maluca do grande ditador.
Por aqui, basta citar o nome de um ídolo negro: o nosso \”rei\” Pelé. Diante da realidade incontestável, sem essa de discriminar brasileiros negros, até porque eles são produtos de uma bela raça! E nosotros, caras-pálidas, não somos de raça definida. Na verdade, não passamos de mestiços, inclusive este cronista de epiderme clara (eu).