José Silva Jr.
Membros da Associação dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador de Brasília (ACCMMB) ingressaram no Judiciário pedindo que o presidente da entidade, Dario Oswaldo Garcia Júnior, abra a caixa preta da contabilidade e faça a prestação de contas. Dario também é o responsável pela Diretoria Executiva de Varejo do Banco de Brasília (BRB).
Eles chegaram a essa medida extrema porque o diretor executivo de Varejo (Divar) do BRB se recusava a dar acesso aos sócios as contas da ACCMMB, que chega a arrecadar mais de R$ 1 milhão só com inscrições, eventos e repasses anuais. Mas a receita pode ser maior. É o que acreditam os autores de denúncia.
Os associados temem que Dario esteja tentando esconder um possível rombo. A base dessa suspeita ocorre por um movimento semelhante ocorrido na Associação dos Criadores do Planalto (ACP). Esta entidade possui uma dívida de R$ 5 milhões contraída na gestão do ex-presidente Oswaldo Rocha Mello Filho, que, além da semelhança com o nome do atual mandatário da ACCMMB, também integrou esta última associação. Inclusive, ocupou por vários anos a presidência da ACCMMB.
Raízes
Apesar de não fazer mais parte da ACCMMB, Oswaldo Rocha mantém suas raízes nela. A filha dele, Renata Scafuto Rocha Mello Guerra, é vice-presidente. “Após várias negativas e solicitações formais dos sócios, bem como no grupo oficial da entidade, procuramos a Justiça, pois não entendemos o porquê das dificuldades impostas pelo presidente da ACCMMB em nos negar esses dados”, disse Erick Medeiros Amorim, um dos autores da petição.
A ação foi protocolada em agosto. Em sua argumentação, Erick disse que paga R$ 300 de mensalidade, o que o torna pertencente ao quadro de associados da ACCMMB. Segundo ele, no dia 2 do mesmo mês, “protocolizou, junto a Requerida, pedidos referentes a documentação de seu interesse e direito, bem como de obrigação legal da Requerida. Ocorre que os referidos pedidos não foram atendidos”.
Falta parecer do Conselho Fiscal
Acontece que ficou só nisso. Até agora, o Conselho não deu parecer nem favorável nem contrário às contas apresentadas pela diretoria, cujo presidente é Dario Oswaldo Garcia Júnior, número dois na escala hierárquica do BRB. Além de um cargo no Conselho Administrativo, o que lhe rende mais um incremento em sua renda. Dario é homem de confiança do presidente Paulo Henrique.
A reportagem procurou Dario por meio da ACCMMB, mas não obteve respostas até o fechamento desta edição.
Diretoria: “insinuações não procedem”
“Temos a tranquilidade e a consciência em paz, pois todas as contas estão dentro da legalidade. Só quem não conhece a realidade do núcleo pode achar que a Diretoria estaria agindo de maneira espúria. Cada um dos diretores faz o possível para realizar a gestão da melhor forma, inclusive gastando do próprio bolso em prol dessa paixão que é criar cavalo. Em resumo, o trabalho na direção do núcleo é voluntário, não remunerado e cada um que aqui está tem uma história, que deveria ser respeitada”.
Na mesma reposta, a diretoria informou que, “assim que o Conselho Fiscal terminar de apreciar os balancetes, fará, como prevê nosso estatuto, uma assembleia, aberta a todos os associados, onde faremos nossa prestação de contas”.
A diretoria ainda manifesta seu respeito e agradecimento aos criadores da “velha-guarda” por tudo que fizeram em favor do cavalo mangalarga marchador, e por isso mesmo a destinação de um espaço na exposição é o mínimo que se pode fazer por quem tanto já fez por todos nós.