O ex-ministro Geddel Vieira Lima foi preso de forma preventiva na manhã desta sexta-feira (8), em cumprimento a ordem judicial concedida no âmbito da força-tarefa Greenfield. No pedido de prisão preventiva feito pela Procuradoria da República do Distrito Federal, os procuradores classificam Geddel como um \”criminoso em série\”. A operação foi deflagrada na última terça-feira (5) e, na oportunidade, foram apreendidos R$ 42,6 milhões e US$ 2,6 milhões em caixas e malas que estavam em um apartamento que, de acordo com as investigações preliminares, havia sido emprestado a Geddel.
Também foi detido Gustavo Pedreira Couto Ferraz, apontado como uma pessoa próxima a Geddel e cujas digitais foram identificadas na superfície dos sacos plásticos que envolviam as cédulas de dinheiro apreendidas na Operação Tesouro Perdido. Além das prisões, nesta sexta-feira, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao político, um deles é a residência da mãe do ex-ministro.
O pedido para a execução das medidas cautelares foi apresentado à Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) na quarta-feira (6) e tem como propósitos preservar a ordem pública e impedir a destruição de provas, bem como a prática de novos crimes. Investigado desde o ano passado na Operação Cui Bono, que apura desvios de recursos em vice-presidências da Caixa Econômica Federal (CEF), Geddel estava em prisão domiciliar desde o mês de julho, após decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Entre 2011 e 2013 o político baiano ocupou a Vice-presidência de Pessoa Jurídica da CEF.
A autorização para as prisões e demais medidas foi emitida pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara, em Brasília. O objetivo dos investigadores é recolher novas provas da prática de crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Na petição enviada à Justiça, o MPF cita provas de que o político era o responsável pelo dinheiro apreendido há três dias. Exames periciais confirmaram as digitais do político nas cédulas encontradas. Além disso, duas testemunhas – uma delas o dono do imóvel – confirmaram à polícia que Geddel usava o apartamento emprestado, a pretexto de guardar pertences do pai que morreu no ano passado.
Outro ponto mencionado na petição é o fato de que a descoberta do dinheiro na Operação Tesouro Perdido reforça informações dadas em depoimento pelo doleiro Lúcio Funaro e pelo empresário Joesley Batista. Os dois afirmaram que, assim como Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, Geddel Vieira solicitava vantagens indevidas de empresas que buscavam empréstimos junto à CEF. Disseram ainda que a propina era paga por meio das empresas de Lúcio Funaro, inclusive, em espécie. O próprio Funaro relatou pagamentos da ordem de R$ 20 milhões.
Prisão preventiva – Ao defender a necessidade de que Geddel fique preso de forma preventiva, e não mais em regime domiciliar, o MPF reitera que se trata de um “criminoso habitual”, que continua praticando crimes, já que lavagem (ocultação) de dinheiro é delito permanente, e que, em casa, mesmo detido, ele poderia – como efetivamente o fez – manter contatos com outros envolvidos nos crimes. Frisa ainda que, o primeiro pedido – analisado no início de julho pela Justiça Federal – teve como fundamento a constatação de que ele tentava obstruir as investigações. Na época, o objetivo de Geddel era evitar que o doleiro Lúcio Funaro firmasse acordo de colaboração com o MPF. Pelo fato, o ex-ministro já foi denunciado em ação penal, em tramitação na 10ª Vara Federal, em Brasília.