Tersandro Vilela (*)
A inteligência artificial (IA) tornou-se parte integrante do dia a dia global. Ela ajuda a sugerir filmes, a organizar resultados de busca, a facilitar diagnósticos médicos e até a automatizar processos no trabalho. Mas, à medida que essa presença cresce, também aumentam os alertas sobre os desafios que ela impõe, muitos deles com impacto direto no cotidiano de todas as pessoas.
PROTEÇÃO À PRIVACIDADE – Para aprender a funcionar, a IA depende de grandes volumes de dados pessoais, hábitos de consumo, históricos de saúde, preferências e localização. Se não houver regras sobre coleta, uso e armazenamento desses dados, cresce o risco de vazamentos, uso indevido ou vigilância excessiva. Especialistas apontam que boa parte da preocupação pública com IA em 2025–2026 gira em torno da necessidade de segurança e transparência.
VIÉS E A JUSTIÇA – Modelos de IA aprendem com dados históricos. Isso pode significar que preconceitos e desigualdades já existentes sejam replicados ou até intensificados. Decisões automatizadas sobre crédito, seleção de pessoal, diagnósticos médicos ou segurança pública podem acabar reproduzindo discriminação, algo que não afeta igualmente a todos.
RISCOS TÉCNICOS E ESTRUTURAIS – Mesmo quando bem projetados, sistemas de IA podem falhar, cometer erros, interpretar informações ou tomar decisões erradas. Para além de falhas isoladas, existe a possibilidade de falhas em cascata se uma IA estiver integrada a sistemas críticos, como saúde, finanças ou infraestrutura pública. Isso exige atenção constante e regulação específica.
GOVERNANÇA E REGULAMENTAÇÃO – Muitos países ainda não têm leis definidas que orientem a criação, o uso e a responsabilidade por sistemas de IA. A coexistência de diferentes abordagens, algumas mais permissivas, outras mais restritivas, cria um panorama global fragmentado e imprevisível. Especialistas defendem a adoção de marcos regulatórios robustos, que imponham transparência, auditabilidade e responsabilidade para empresas e governos que usam IA.
Para o cidadão comum, essas questões significam que conviver com IA requer mais do que aceitar seus benefícios. É preciso exigir clareza sobre como os dados pessoais são usados, participar dos debates públicos sobre regulamentação, entender que nem toda decisão automatizada é neutra; e pressionar por igualdade, segurança e transparência.
Em 2026, a grande questão não é apenas o que a IA pode fazer, mas como nós decidimos que ela deve operar. A tecnologia pode trazer avanços imensos. Mas, sem ética, sem responsabilidade e sem leis claras, os riscos de desigualdade, injustiça e invasão de privacidade podem ser altos demais.
(*) Jornalista pós-graduado em Filosofia, especialista em Liderança: gestão, resultados e engajamento e mestrando em Inovação, Comunicação e Economia Criativa