Cultura útil. O jornal O Tempo de hoje publica matéria dizendo que o belo-horizontino perde, em média, sete dias por ano esperando o ônibus, tal e qual o Pedro Pedreiro esperava o trem na canção do Chico Buarque. Dentro desse quadro, cujo desfecho só poderá ser melhorado sabe-se lá quando, com a implantação do BRT e do metrô — sonhos de consumo de todo pedestre da cidade –, resta uma solução: plagiar a invenção que o Luiz Amorim, dono do Açougue Cultural de Brasília (nunca ouviu falar? Dê uma olhada no Google), implantou no DF com muito sucesso: estantes que formam bibliotecas (de livros usados e doados, evidentemente), em quase todos os pontos de ônibus da W3. O freguês pega o livro, se quiser leva pra casa pra devolver depois ou, se não gostar do que está lendo, deixa na estante do próximo ponto.
A Cristóvão Colombo ficaria agradecida se algum açogueiro (ou livreiro, mesmo) adotasse a ideia. As avenidas Cristiano Machado e Antônio Carlos, no atual estágio, nem tanto.
Inédito. Oswaldo Montenegro anuncia seu segundo longa, Solidões. Tem cinéfilo que se espantou com a notícia, pois nem sabia que existia um outro filme antes desse, chamado Léo e Bia.
Los cucarachas. Várias autoridades do mundo querem, a qualquer custo, a exemplo do candidato (até aqui) derrotado, Henrique Capriles, a recontagem de votos (eletrônica) na Venezuela, que fizeram (até aqui) Nicolás Maduro presidente do país. Como todos se lembram, a recontagem (manual) bem que poderia ter sido, gentilmente, solicitada por várias autoridades da época em relação aos controversos resultados da Flórida, que deram a vitória a Bush Júnior contra Al Gore, em 2000.
Contagem regressiva. A Coca-Cola mandou instalar, na entrada da alameda Travessia (aquela que começa no final da João Pinheiro e acaba defronte às inexplicáveis grades do Palácio da Liberdade), uma descomunal ampulheta para dizer quantos dias faltam para a Copa do Mundo no Brasil. O que o pessoal do marketing do xarope não levou em conta é que a Praça tem uma grande importância na história da cidade – e também no seu presente, posto que está se tornando um espaço cultural da maior importância. O objeto não faz justiça ao lugar que exibe a arquitetura dos nossos fundadores, do moderno Oscar Niemeyer e dos então pós-modernos Éolo Maia, Jô de Vasconcelos e Sylvio de Podestá.
Do jeito que se expõe à visão pública, aquele triângulo de ponta cabeça, que mal se equilibra sobre outro (o que tem uma televisão em sua base), não passa de uma trapizonga malajambrada.
Boas novas. Jennifer Aniston, a queridinha de uma geração que se amarra na Rachel de Friends, desfaz o temor que já deixava insone multidão de telespectadores que consideram a série não apenas uma chatice com gargalhadas de claque, mas principalmente uma inflação de canastrices, Aniston incluída.
Para deleite desses últimos, ela acaba de declarar, com veemência, que Friends não tem a mínima nem remota chance de voltar à telinha. No momento, a ex de uns tantos astros é a única instituição mundial (incluindo aí economistas de todos os matizes e o Senado dos Estados Unidos em particular) que não pisou no tomate nesses dias de explosões a céu aberto, venda de armas a condenados por tentativa de homicídio e privatização do Eike Batista.