No calendário brasileiro, várias datas marcam momentos cívicos de importância para a construção da brasilidade: 21 de abril, Dia de Tiradentes; 22 de abril, Descobrimento do Brasil; 7 de setembro, Independência; 15 de novembro, Proclamação da República.
Temos ainda efemérides que nos levam a refletir sobre situações sócio-políticas: 20 de novembro, Dia de Zumbi dos Palmares e Dia Nacional da Consciência Negra; 19 de abril, Dia do Índio; 8 de março, Dia das Mulheres.
Assim, proponho que se estabeleça 8 de janeiro como o Dia Nacional de Combate ao Arbítrio e à Intolerância. Os últimos quatro anos revelaram uma faceta desconhecida de muitos brasileiros: a intolerância, a selvageria, a xenofobia, o racismo, a homofobia, o machismo arraigado.
O brasileiro se revelou o “cidadão cordial”, imaginado por Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil. O conceito de homem cordial não vem da cortesia, como pensam muitos. É calcado na visão do ser movido pela emoção, o que inclui atos violentos.
“A violência é uma característica primordial do homem cordial. Todo e qualquer antagonismo é por ele interpretado como uma ameaça. O homem cordial é, ao mesmo tempo, um tipo de indivíduo e um padrão de interação social, uma personalidade e um modo de se relacionar com as outras pessoas”
Socióloga Milka de Oliveira Rezende
Coordenadora da Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Goiânia, Milka diz que “a definição da cordialidade do brasileiro passa pela ambiguidade e não da racionalidade, para alcançar os objetivos. […] Na política, a cordialidade vai na contramão da ideia de igualdade, impessoalidade, formação de maiorias deliberativas, o que, para o autor, faz com que tenhamos dificuldade em lidar com a democracia”.
Mais sociável e menos egoísta
A institucionalização do Dia Nacional de Combate ao Arbítrio e à Intolerância serviria para alterar esse perfil do brasileiro. Torná-lo mais sociável, menos individualista e egoísta. Fazer com que ele conheça o funcionamento das organizações e da Federação chamada Brasil. Que ele pense num coletivo multicolorido e não apenas na sua bolha.
Seria um dia para que compreendêssemos a importância de se preservar a cultura de um povo. Não podemos banalizar a destruição de obras de arte, que mais que belas e onerosas, representam um movimento da sociedade brasileira inserida não apenas nas artes, mas em todo o desenvolvimento social brasileiro.
Por meio dele, o modernismo nacional, do qual Di Cavalcanti (mutilado no Palácio do Planalto) era uma das expressões, tinha como objetivo a consolidação de uma cultura nacional. O Brasil mostrava ao mundo e aos brasileiros ser mais do que uma república de bananas.
Não por outro motivo, a Semana de Arte Moderna, ou “Semana de 22”, foi organizada em São Paulo no ano e que se celebrava o centenário da independência do Brasil, em 1822. O brasileiro médio, contudo, desconhece tudo isso. Mesmo aqueles que chegaram às universidades.
Lembremos que disciplinas como Filosofia, Sociologia e Introdução Musical foram recentemente retiradas dos currículos escolares. Prevaleceu o padrão de ensino tecnocrático – que se exacerbou com o neoliberalismo dos anos 1990 – de se ensinar apenas o apertar de botão e não a reflexão.
Isto nos levou a esse perfil de cidadania insana que tudo quer quebrar, destruir, que criminaliza organizações representativas, sindicatos e até mesmo condomínios residenciais.
Revolução pela educação
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