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No dia 25 de julho, comemora-se o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e celebra-se a luta antirracista e o papel importante das mulheres contra a discriminação racial. A data é uma oportunidade de honrar as conquistas e para refletir sobre os desafios enfrentados por elas ao longo da história.
No Brasil, o dia foi instituído pela Lei nº 12.987/2014, sancionada pela ex-presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, com o objetivo de dar visibilidade ao papel da mulher negra na história e reafirmar o marco internacional.
Tereza de Benguela foi líder do Quilombo Quariterê, na divisa do Mato Grosso com a Bolívia, governou e liderou a resistência contra os escravistas da época, reunindo mais de três mil pessoas, entre negros, indígenas e brancos para defender o território onde viviam.
Assim, o 25 de julho é uma data para ser lembrada e comemorada, mas com luta e resistência, papel que as mulheres negras sempre souberam desempenhar.
Desigualdade no mercado de trabalho
De acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), divulgada em julho de 2023, a remuneração média das mulheres negras era de R$ 1.948, o que equivale a 48% do que homens brancos ganham, na média; 62% do que as mulheres brancas recebem; e 80% do que os homens negros ganham. Essa desigualdade permanece, apesar do aumento do contingente de mulheres negras na população em idade ativa e da ampliação da escolaridade.
Segundo o levantamento, entre o primeiro trimestre de 2012 e o de 2023, a população em idade para trabalhar cresceu 13,4% no Brasil; entre mulheres negras, essa expansão foi de 24,5%, próximo do registrado para homens negros (22,3%), e muito acima do percentual entre homens brancos (2,8%) e mulheres brancas (1,9%).
De acordo com a pesquisa, a participação das mulheres negras que chegaram ao ensino superior e concluíram o curso dobrou, de 6% em 2012 para 12% em 2023. Esse avanço, entretanto, não foi suficiente para melhorar outros indicadores deste grupo no mercado de trabalho.
Data histórica
O dia 25 de julho, reconhecido pela ONU, em 1922, como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, tem origem em um encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado em Santo Domingo, República Dominicana, com a proposta de denunciar o racismo e o machismo enfrentados por mulheres negras no mundo e construir a unidade de suas lutas.
Ao longo da história, as mulheres negras têm se destacado como líderes e ativistas incansáveis, lutando por seus direitos e pelos direitos de suas comunidades. Mulheres como Tereza de Benguela, Lélia Gonzalez, Dandara dos Palmares, Antonieta de Barros, Angela Davis, dentre tantas outras.
As mulheres negras latino-americanas e caribenhas enfrentam múltiplas formas de discriminação e opressão, provenientes do racismo estrutural, machismo e desigualdades sociais e econômicas. Elas são frequentemente vítimas de violência, têm menor acesso à educação, saúde e emprego digno, além de serem sub representadas nos espaços de poder e decisão.