Foi dada a largada. A Justiça Eleitoral encerrou quarta-feira (15) as inscrições de candidaturas. Nos 30 anos de autonomia política, nunca houve um quadro eleitoral tão confuso no Distrito Federal e (por que não dizer?) no Brasil. Todos os 1.215 pretendentes a um mandato eletivo no Distrito Federal devem esperar pela homologação final da Justiça Eleitoral. Documentos serão analisados para verificar se não há inelegíveis.
Até o último minuto, os candidatos pularam de coligação em coligação. A velha disputa brasiliense azul versus vermelho mais parece agora uma paleta de aquarela multicolor, se espalhando por tudo que é lado. O pleito começa marcado por uma multiplicidade inédita de coligações e de partidos que buscam um espaço ao sol.
Vale lembrar que nessas eleições vigoram as regras de cláusula de barreira. O partido deve obter ao menos 1,5% dos votos válidos em 2018 para a Câmara dos Deputados, distribuídos em pelo menos nove unidades da Federação, com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma delas.
Assim, os partidos que não alcançarem a votação mínima exigida pela lei perderão a condição de agremiação partidária. Desta forma, para sobreviver é preciso ir à guerra dos votos. As regras não são exatamente justas para todos. Alguns partidos terão tempo de propaganda eleitoral e recursos do Fundo Eleitoral em maior quantidade do que outros, o que torna o pleito desigual.
Todos os 35 partidos políticos legalmente constituídos no País lançaram candidatos em Brasília. Para o GDF, eles se compuseram em 11 candidaturas. Os postulantes ao Senado são 19 e as candidaturas às 24 vagas da Câmara Legislativa serão disputadas por 954 candidatos. Para a Câmara Federal se inscreveram 182 candidatos.
Os 2.084.356 eleitores do DF terão como concorrentes ao Buriti os seguintes cabeças de chapa: Alberto Fraga (DEM); Alexandre Guerra (Novo); Antônio Guillen (PSTU; Eliana Pedrosa (Pros); Fátima Sousa (PSol); Ibaneis Rocha (MDB); Júlio Miragaya (PT); Paulo Chagas (PRP); Renan Rosa de Arruda (PCO); Rodrigo Rollemberg (PSB) e Rogério Rosso (PSD). O Psol é o único partido que lançou uma chapa na qual governador e vice são do sexo feminino. O lema é Elas por Nós.
Rorizistas espalhados
Oficialmente o clã rorizistas apoia a coligação de Eliana Pedrosa. Mas os correligionários históricos de Roriz chegam divididos em pelo menos quatro candidaturas. O PT também não conseguiu manter a esquerda unida, como no passado. O MDB que apoiou Agnelo em 2010 e 2014 abandonou a estrela.
PCdoB e PDT decidiram voltar ao conforto do colo de Rollemberg, de onde tinham saído há alguns meses prometendo autonomia e independência. Juntamente com a Rede, não tiveram pernas para construir uma alternativa eleitoral. Bateram em diversas portas, dentre elas o PR de Frejat, mas não quiseram correr perigo de derrocada eleitoral.
Pros, com 59 candidatos, PT e Avante, com 58 cada, foram as legendas que inscreveram as maiores quantidades de candidatos. A menor participação é do Partido Comunista Brasileiro, que inscreveu apenas um candidato a deputado distrital. O PCB chega nessa eleição coligado ao Psol.
Mulheres – O perfil dos eleitores é mais maduro do que o dos candidatos. Enquanto 54% dos eleitores têm idade de 30 a 54 anos, 53% dos candidatos têm idade de 45 a 49 anos. Mais uma vez, a cota mínima de 30% para mulheres, fixada em lei, mostrou-se necessária. Enquanto 53,8% do eleitorado candango é formado por mulheres, a participação feminina nessas eleições ficou, praticamente, limitada à exigência legal. São 374 mulheres que representam 30,8%. Seis em cada dez candidatos são casados. Quanto à etnia, 48% se declaram pardos e 45% brancos, 10,3% negros. Apenas quatro indígenas e seis orientais disputam cargos eletivos no DF.
O nível educacional é elevado e superior à média dos eleitores. Mais de dois terços dos candidatos, 69,3%, estão cursando faculdade ou já possuem nível superior completo. Dentre os eleitores, esta fatia cai para 33%. Profissionalmente, 14,7% são servidores públicos, federais ou distritais, e 10,1% empresários.
A contagem regressiva começou. O reloginho está correndo tanto para candidatos quanto para eleitores que precisam fazer o dever de casa – pesquisar os melhores nomes, ver o passado de cada um para garantir um futuro digno à Capital Federal.
A classe política é tradicionalmente alvo de críticas, mas não custa lembrar que todos que estão no poder foram lá colocados pelos eleitores.