Não era madrugada quando ele chegou. Ele não estacionou o carro em local escuro. Ele não tinha inimigos. Havia pessoas transitando pela rua e crianças brincando nos prédios próximos. Ainda assim, Leonardo Almeida, 29 anos, se tornou mais uma vítima da violência que se instalou no Distrito Federal. Ele foi morto a tiros em Águas Claras, durante um assalto. Um menor foi apreendido em São Sebastião e dois comparsas identificados pela polícia. Até o fechamento desta edição, o menor era ouvido pelo delegado da DCA 2, Marcelo Zago.
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O corpo de Leonardo foi enterrado no cemitério Campo da Esperança. Cerca de 150 pessoas compareceram. Emocionados, parentes e amigos usavam uma camisa branca, em que uma foto do rapaz sorridente estava estampada, com os dizeres “qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar”, abaixo. Após a decida do caixão, todos bateram palmas e rosas vermelhas foram distribuídas aos presentes.
O rapaz foi abordado após estacionar sua picape VW Saveiro, de cor branca, em frente ao edifício Real Flat, na Rua 34 Norte, onde morava. Testemunhas contam que o jovem estava sozinho, ao que parece voltando da academia, por volta das 21h30 de quarta-feira, quando tudo aconteceu. Foi muito rápido. Ele caminhava em direção à portaria do prédio, em posse de uma mochila, quando os criminosos anunciaram o assalto.
Assustado, o rapaz teria corrido e, motivados pela reação, os criminosos atiraram. Nada foi levado e os assaltantes fugiram. Um Fiat Pálio prata, quatro portas, os aguardava com um motorista pronto para a fuga.
Uma equipe do Samu tentou reanimar o rapaz por 40 minutos, mas ele não resistiu. Tão chocante quanto o crime foi ver a reação da mãe de Leonardo, Ana Cleide Almeida, ao chegar ao local. O rapaz vivia sozinho, mas sua mãe o visitava diariamente. Ela estava no apartamento do filho quando percebeu o movimento na rua e desceu. “Como eu pude perder meu filho em frente à minha casa? Quantas pessoas já perderam a vida desta forma, só este ano, nesta cidade? Alguma coisa precisa ser feita!”, esbravejou.
Assassinato repercutiu em Águas Claras
Rafael Missen Taveira, 24 anos, amigo íntimo de Leonardo, contou que esteve com o jovem no dia do crime e que ficou chocado ao saber o que aconteceu horas depois. “Recebi um vídeo pelo celular de uma pessoa baleada perto da casa dele. Cheguei a compartilhar o vídeo no nosso grupo no whatsapp, do qual o Léo fazia parte. Daí quando ia brincar com ele dizendo “aí, Léo, cuidado, sua quebrada tá perigosa”, alguém me disse que era ele que tinha sido baleado. Foi um choque. Na hora fomos para a casa dele”, lembra.
De luto, a Capella Lounge Bar, casa de shows em que Leonardo trabalhava, em Taguatinga, resolveu fechar as portas na noite de ontem. “Na quarta-feira o clima já estava horrível. Quando os promoters ficaram sabendo ficaram muito abalados e saíram da boate para chorar. Hoje não tinha mesmo condições de abrir”, comentou Rafael. (Colaborou Renan Bortoletto).
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Memória
O crime é semelhante ao ocorrido em 3 de janeiro, quando o brigadeiro da Aeronáutica João Carlos Franco, 66 anos, foi baleado na cabeça após ser abordado por dois homens, quando entrava na garagem de seu prédio, na 112 Sul. Os criminosos também pretendiam roubar seu carro. Imagens do circuito do prédio mostraram que, num impulso, o aposentado acelerou o veículo e acabou sendo ferido.