Com poucas opções de estacionamento, fiscalização ainda encontro de reduzir o número de vagas em Taguatinga
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“Facilidade” e “locomoção”. Estas duas palavras jamais podem ser usadas para descrever o trânsito de Taguatinga. Porém, desde segunda-feira (25), quando o Detran-DF colocou cones no meio da rua da QSA 3, para evitar que veículos estacionem ao longo dos meios-fios, o que já era ruim, ficou pior.
A intervenção atrapalhou não só os motoristas, como os moradores, os comerciantes e até os flanelinhas que trabalham nas proximidades, como a C-8. A novidade deu mais fluidez ao trânsito na via, antes engarrafada. Agora, o tráfego flui com carros passando a até 50 Km/h – o que é até perigoso, devido ao grande número de pedestres.
Em contrapartida, diminuíram o número de vagas de estacionamento. Com o fim das vagas ao longo do meio-fio, os motoristas se viram obrigados a rodar até uma hora sem conseguir parar o carro ou larga-lo sobre as calçadas, o que gera transtornos para moradores como Walter Mesquita. “Eu e meu irmão trabalhamos com carrinho de picolé. Teve um dia que o carro estava tão perto do nosso portão, que não conseguimos sair com os carrinhos de casa”, conta Walter.
Para conseguir se locomover, Helenice Dorneles, de 65 anos, cadeirante, tem que desviar dos veículos para seguir seu trajeto diário. “A minha rua agora virou uma avenida depois que colocaram esses cones. Os moradores e os consumidores que vão às lojas no comércio da frente usam a calçada para estacionar. Então, a única forma de eu me locomover é por dentro da pista, disputando espaço com os carros”, desabafa.
Até a vida dos flanelinhas, organizadores do trânsito no setor, ficou mais difícil. Wilderson Capuro trabalhou na QSA 3 durante 17 anos, mas agora perdeu seu ponto e está tendo que dividir o trabalho com outros colegas. “Eles deviam olhar o exemplo da quadra de cima (QSA 5), que deu certo, e fazer aqui também. É tão simples…”, sugere.
A sugestão do flanelinha é a mesma da maioria dos comerciantes da C-8. Na QSA 5 o tráfego atualmente é de mão única, e foram criadas vagas de estacionamento apenas de um lado da via. “Nós não queremos que a região seja uma bagunça, mas estas soluções temporárias pouco resolvem o nosso problema, muito pelo contrário”, afirma o comerciante André Roque. “É só fazer a mesma coisa que fez na QSA 5 e pronto”, finaliza.
O Detran-DF respondeu, por meio de sua Assessoria de Comunicação, que “não há previsão para tornar a QSA 3 sentido único. Os cones estão dispostos na faixa seccionada central, para impedir que veículos estacionem nos dois lados da pista de rolamento, atrapalhando o trânsito. A medida tem sido bastante elogiada por moradores e frequentadores da região”, garante a nota, contradizendo o que foi apurado pela reportagem do Brasília Capital.
A falta de estacionamento no centro de Taguatinga afeta, sobretudo, o comércio. Em determinados momentos do dia, as filas duplas de carros esperando vagas no estacionamento se transformam em filas triplas. A demora em conseguir um local para estacionar faz com que os motoristas deixem seus carros na mão dos flanelinhas.
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A maior reivindicação é criação de um estacionamento rotativo público. Recentemente, um dos lotes-garagem que atendiam a demanda da QSA 3 fechou, devido à morte da proprietária. Com isso, até no quesito estacionamento pago o local padece. “Já deixei de comprar aqui várias vezes. É preciso criar um estacionamento e ter uma maior coordenação dos carros por aqui, já que, na falta de vagas, as pessoas estacionam atrás do seu carro, dificultando na hora de sair”, disse Marcos Barbosa, morador de Taguatinga e freqüentador do centro da cidade.
Marcos Barbosa acredita que os próprios comerciantes acabam se prejudicando. “Eles estacionam seus carros no local e ocupam a vaga durante todo o dia, impedindo que os clientes cheguem em suas lojas”, completa.