Dois dos detentos mortos no dia 1º de janeiro, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, Compaj, escreveram uma carta 20 dias antes do massacre pedindo ajuda.
Gezildo Nunes da Silva, que respondia por furto, e Alcinei Gomes da Silveira, preso por homicídio, diziam estar sendo ameaçados e que tinham medo de serem assassinados. Os detentos também denunciavam diretores da unidade prisional de receber dinheiro da fação Família do Norte para facilitar fugas e permitir a entrada de armas, drogas e celulares no presídio.
Nessa terça-feira, o diretor do Compaj, José Carvalho da Silva foi afastado do cargo. Carvalho ocupou o cargo de diretor-adjunto da unidade até final de dezembro. Ele assumiu a direção do Compaj três dias antes do massacre, após a saída de Ilson Vieira Ruiz.
O nome de Carvalho é citado na carta como o “sub-diretor” que ameaçava Gezildo e Alcinei. De acordo com os detentos, por eles saberem do esquema de Carvalho com a facção.
A carta foi entregue ao Defensor Público, Arthur Sant\’anna, pela companheira de Gezildo Nunes. No dia 14 de dezembro, o defensor público anexou o documento ao processo do detento, para conhecimento do juiz Luis Carlos Valois, titular da Vara de Execuções Penais. O advogado também pediu para que os presos ficassem no Centro de Detenção Provisória.
Não houve despacho do pedido. Os nomes de Gezildo e Alcinei já foram confirmados entre os 56 mortos no Compaj.
Por meio de nota, o juiz Luís Carlos Valois afirmou que não recebeu o documento em mãos e nem foi procurado pelo defensor ou advogado dos presos para tratar do referido assunto. Disse ainda que a vara recebe centenas de documentos diariamente. E, no caso de informações sobre risco de vida de detentos, estes documentos são encaminhados pela Justiça também ao Ministério Público e para a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado, para obter dados relacionados ao apenado.
A Corregedoria Geral de Justiça do Amazonas instaurou procedimento neste terça-feira para apurar os fatos.
E na primeira atuação da Força Nacional no Amazonas, o Exército Brasileiro participou da revista realizada no regime semiaberto do Compaj. O grupo deu apoio a ação com equipamentos de fiscalização, que auxiliaram no processo de busca de materiais proibidos. Mais de 70 facas improvisadas, conhecidas como estoque, munições, rádios transmissores, celulares e drogas estão entre os materiais apreendidos.
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