Palco das escolas do Rio de Janeiro, o sambódromo também é usado para o desfile de vários políticos durante o carnaval. E, como pedem as boas práticas, ali não há distinção de cores. Há espaço para todas as matizes ideológicas.
No domingo (11), o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi destaque na Portela, no enredo inspirado no livro Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves. Um dia antes, Almeida desfilou em São Paulo, pela Vai-Vai, em apresentação polêmica: uma das alas da escola fez crítica a policiais militares, vestindo-os de demônios. Virou pauta para críticas da direita.
Já a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara marcou presença no Salgueiro. O enredo tratado pela agremiação foi a preservação dos povos Yanomami, que mereceu elogios até do astro hollywoodiano Leonardo di Caprio, fundador da ONG Re:Wild, dedicada à proteção e restauração da natureza.
O todo-poderoso presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL/foto), se esbaldou numa ala da Beija-Flor ao lado do bicheiro Anísio Teixeira. A escola de Nilópolis levou para a Marquês de Sapucaí o tema “Um delírio de carnaval na Maceió de Rás Gonguila”.
Para exaltar a capital alagoana, a escola recebeu R$ 8 milhões de investimentos da Prefeitura. Mas o cacique Lira garantiu que não aportou recursos de suas emendas parlamentares.
A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS/foto) – que ganhou notoriedade nacional nos debates presidenciais de 2022, quando respondeu ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) com a icônica frase “não cutuque a onça com sua vara curta –, dividiu a avenida com a atriz Paola Oliveira no desfile da Grande Rio. À época, a novela Pantanal liderava a audiência retratando as belezas sul-matogrossenses e tinha como protagonista Juma Marruá, mulher que se transformava em onça.
A Mocidade Independente de Padre Miguel, que tratou do caju como tema principal, citou um homônimo do presidente Lula em seu samba: “E nessa terra onde tamanho é documento, vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio”, dizia um verso.
Não foi uma coincidência, conforme disse ao Extra o jornalista Fábio Fabato, que escreveu o enredo: “Obviamente, devido ao fato de ser homônimo do presidente, sublinhamos com tintas mais fortes o nome”. O Luiz Inácio original foi o pescador que plantou o maior cajueiro do mundo, em Parnamirim (RN).
O portelense Eduardo Paes (MDB/foto), prefeito do Rio, foi visto inúmeras vezes na Sapucaí desde o início das festas de carnaval. Além dos desfile das escolas do Grupo Especial, também compareceu nas apresentações das escolas do Grupo de Acesso. A Prefeitura fluminense investiu R$ 40 milhões e esperava um retorno de R$ 5 bilhões.