Na chegada a Taguatinga pela EPTG (DF-085), o DER controla o trânsito pela faixa exclusiva para ônibus e investe na conclusão das obras no viaduto de acesso à cidade. Foto: Antônio Sabino
O
Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) arrecadou, só
com multas, R$ 78.494.457.03 milhões de janeiro a julho de 2019. De acordo com
a planilha de Receitas e Despesas disponível em seu site, a instituição já
gastou R$ 37.954.699,80 no mesmo período.
Somados
aos R$ 88.624.255,85 aplicadas pelo Departamento de Trânsito (Detran) de 1º de
janeiro a 29 de agosto, significa que os brasilienses já pagaram, somente neste
ano, R$ 167.118.712,88 em multas.
Em
2018, apenas o radar eletrônico situado na via marginal à DF-003 (Epia), Km
21,1 sentido Norte, altura da Candangolândia, disparou o flash 42.156 vezes em
apenas 5 meses. Considerado o pardal campeão em multas do DF, ele começou a
operar em agosto do ano passado.
Outro
pardal instalado na EPNB, na faixa exclusiva para ônibus no sentido Samambaia,
é o vice-campeão: registrou 33.103 multas em 2018.
Informações
da Assessoria de Imprensa do DER dão conta de que a autarquia registou 387.315
multas nas rodovias sob sua circunscrição durante todo o ano de 2018.
Pardal da 104 Sul disparou 42 mil
vezes
A
previsão é de que, em 2019, o número de multas ultrapasse o do ano anterior. De
janeiro a agosto deste ano, o DER já registrou 352.191 multas nos seus 628
equipamentos de fiscalização eletrônica. Em 2017, o pardal situado no Eixo
Rodoviário Sul, na altura da 104 Sul, sentido Aeroporto, foi o que mais
registrou multas por alta velocidade.
Esse
equipamento sozinho flagrou 42.420 motoristas em velocidade acima da permitida
(80 Km/h). Em 2016, esse mesmo pardal registrou 52.280, ou seja, uma multa a
cada 10 minutos. “Não é possível isso. Durante um ano quase todo mundo que
passou pelo Eixão Sul levou multa na altura da 104?”, questionou Juliana
Cardoso, profissional de Tecnologia da Informação, moradora de Santa Maria e
trabalhadora no Setor de Indústrias Gráficas (SIG).
“Um
dos motivos que deixei de vir de carro para o trabalho foram as multas que
recebi na via marginal da Candangolândia ao passar pelo pardal a pouco mais de
60 Km por hora. O problema é que há placas indicando que a velocidade permitida
é 80 Km/h, mas, de repente, muda para 60 Km. A gente nunca sabe qual é a
velocidade real da via”, reclama Juliana.
Na Candangolândia, 11 infrações por
hora
Dados
do DER-DF indicam que, em 2018, esse pardal da Candangolândia registrou 11
infrações por hora por excesso de velocidade e oito mil multas por mês. “Em
apenas 5 meses de funcionamento, esse pardal recordista da Epia superou o
segundo colocado no ranking do DER, mesmo ele tendo “trabalhado” o
ano inteiro”, informa a matéria no site da autarquia.
Há
duas semanas, o Brasília Capital noticiou o número exorbitante de multas e
arrecadação do Detran-DF numa cidade mal sinalizada, carente de campanhas de
educação de trânsito, com vias problemáticas em termos de engenharia de
trânsito e asfalto precário nas vias, proibição de estacionamento nas áreas
centrais das principais cidades do DF sem o devido esclarecimento à população,
entre outros problemas.
Assim,
se o Detran-DF ganha milhões com multas – sem contar outras fontes de
arrecadação, como licenciamento e emplacamento de veículos – o DER-DF também
não perde tempo. De janeiro a dezembro de 2017, arrecadou R$ 96,8 milhões só em
multas, e gastou, no mesmo período, R$ 76.223.267,59.
Tanto
no Detran-DF como no DER-DF, a maior parte da arrecadação advém das multas. A
população reclama da maneira pouco educativa de se posicionar os pardais. “Acho
que não visa à educação do condutor. Tem um pardal na DF-075 que o objetivo é
arrecadatório: ele está posicionado no acesso ao SMPW e Arniqueiras. Quando a
gente entra na faixa para reduzir a velocidade e entrar no retorno, leva a
multa”, relata Juliana.
Interesse não é apenas
arrecadatório
O
DER-DF explicou que não há interesse meramente arrecadatório. No caso da
Candangolândia, a explicação é o fato de, no ano passado, ter sido um pardal
novo que as pessoas não estavam acostumadas e o equipamento estar situado numa
via marginal com velocidade máxima permitida de 60 Km/h numa saída de via
expressa cuja velocidade máxima permitida é 80 Km/h.
Esse
pardal é famoso. No ano passado, o número de multas do DER-DF registrado nele
foi notícia no G1, canal que notificou também as vias com mais incidência de
multas. E deu como campeão pardal da DF-003 (Epia), altura da Candangolândia.
Em
segundo, está o pardal situado na DF-075 (EPNB) Km 7,4, sentido Riacho
Fundo/Samambaia, faixa exclusiva: 33.103. O terceiro, na DF-075 (EPNB) Km 2,2
sentido Núcleo Bandeirante/Riacho Fundo, faixa exclusiva: 22.195.
Detran pune mas não dá condições
Em Taguatinga Centro, o Detran faz rondas até três vezes por dia no mesmo local para multar carros estacionados. Foto: Antônio Sabino
Um
exemplo do terror dos órgãos de fiscalização de trânsito contra os condutores
ocorre diariamente no centro de Taguatinga. Num local onde as vagas de
estacionamento são escassas e é grande o número de lojas e estabelecimentos
bancários, os agentes do Detran chegam a fazer três “visitas” à C-8 e quadras
residenciais próximas no mesmo dia.
“Parece
que eles dão preferência aos dias de pagamento dos servidores públicos, quando
o fluxo de carros aumenta e as pessoas não conseguem vagas para deixar o carro
enquanto vão ao banco. Isto é éssimo porque afugenta nossos clientes”, afirma o
cabeleireiro Guaracy, que trabalha num salão na quadra.
O
garçom Paulo, que trabalha num restaurante na C-8, lembra que a disposição do
Detran de apresentar alternativas para os motoristas e condutores não é a mesma
que os agentes têm para punir os infratores. “Eles não marcam as vagas de
estacionamento ao lado do meio-fio. Assim, muitos motoristas param o carro
ocupando o lugar de até dois veículos. E as faixas de pedestres estão sempre
apagadas”, aponta.