Bia Kicis (PRP) e Luís Miranda (DEM) surpreenderam ao se elegerem deputados federais. Após a confirmação dos dois nomes, a reação em comitês de campanhas no DF foi a mesma: “quem são?”. O desconhecimento entre políticos não interferiu no resultado. Bia obteve 86.415 votos. Miranda cravou 65.107. E ainda revelou insatisfação. Previa ter 150 mil.
Ambos jamais tinham disputado uma eleição. Miranda sequer mora no Brasil. Nenhum instituto de pesquisa previu que eles poderiam ter chances. Mas como acabaram eleitos? A resposta é: internet. Mas, não é tão simples assim.
Muitos candidatos apostaram suas fichas na rede mundial de computadores e perderam. A diferença é que Bia e Miranda fizeram o caminho inverso. Eles não investiram no marketing digital. Ambos já tinham maciça presença virtual. Isto os credenciou para a disputa, e os seus seguidores internautas garantiram o sucesso.
A página de Bia Kicis no Facebook conta com mais de 400 mil seguidores. Ela publica basicamente conteúdos antipetistas e foi mais uma candidata que surfou na onda de Jair Bolsonaro. Já Luís Miranda tem 730 mil inscritos em seu canal no Youtube. Sua página no Facebook é curtida por 2,3 milhões internautas, e seus vídeos de dicas para brasileiros que querem morar nos Estados Unidos alcançam marcas de 800 mil visualizações.
Os políticos tradicionais trataram os blogueiros como se fossem as antigas “lideranças comunitárias”, e que eles fariam campanha para quem já estava lá. Mas essas celebridades saíram do mundo virtual e agora serão representantes da população no Congresso Nacional.
Kataguiri – Outro exemplo do poder da internet é Kim Kataguiri (DEM-SP), cofundador do Movimento Brasil Livre (MBL). Ele foi eleito deputado federal com mais de 400 mil votos e já declarou que quer ser presidente da Câmara. Os mais velhos na Casa zombaram do jovem de 22 anos que não pode assumir a presidência, pois uma das atribuições do cargo é a linha sucessória da Presidência da República, cuja idade mínima exigida é 35 anos.
Minirreforma foi tiro no pé
A minirreforma política, válida desde 2016, sofreu diversas críticas. A maior delas é que os deputados e senadores que a aprovaram seriam os maiores beneficiados. Afinal, os partidos com maior número de representantes na Câmara têm direito a mais recursos públicos e tempo no horário eleitoral gratuito.
Os antigos políticos não contavam com a coragem de empresários que, até então, eram financiadores de campanhas. Agora, eles utilizaram de suas fortunas para bancar as próprias candidaturas. No caso do Novo, foram ainda mais longe: criaram um partido de milionários que despreza os recursos públicos e compensa o pouquíssimo tempo de TV e rádio com propagandas na internet.
DF – Júlia Lucy, do Novo, foi eleita deputada distrital e gastou, segundo ela, menos de R$ 20 mil na campanha. Cabe aos brasilienses acompanhar seu mandato e verificar se ela vai realmente cumprir promessas como utilizar ônibus e hospitais públicos e reduzir ao menos 50% as verbas de gabinete.