Deputados do PSB fizeram um complemento à representação já protocolada no mês passado na Procuradoria Geral da República para investigação de processos de compra do governo federal. O parlamentar goiano Elias Vaz descobriu novos indícios de irregularidades: 438,8 mil quilos de salmão e mais de 1,2 milhão de quilos de filé mignon para abastecer as Forças Armadas. Também será incluída no documento denúncia sobre processos de compra de 9.748 quilos de filé de bacalhau, 139.468 quilos de lombo de bacalhau, conhaque e uísque 12 anos.
A representação inicial denunciou processo de compra de 714 mil quilos de picanha,1,3 milhão de quilos de carvão e 80 mil cervejas, inclusive marcas como Heineken, Stella Artois e Eisenbahn. Todos os produtos são destinados às Forças Armadas.
Além de Elias, Alessandro Molon (RJ), Lídice da Mata (BA), Aliel Machado (PR), Bira do Pindaré (MA), Camilo Capiberibe (AP), Denis Bezerra (CE), Gervásio Maia (PB), Marcelo Nilo (BA) e Vilson Luiz da Silva (MG), todos do PSB, assinam o documento. “A lista de produtos de luxo nas compras governamentais parece não ter fim. É indecente que o governo torre milhões para garantir um cardápio requintado para alguns grupos enquanto uma boa parcela do nosso povo mal consegue ter arroz com feijão no prato”, afirma o deputado goiano.
Preços
O requinte custa caro aos cofres públicos. O item 178 do termo de homologação do Pregão 00004/2020 é para a aquisição de 100 quilos de medalhão de salmão ao custo de R$240 o quilo. O produto é destinado ao 11º Regimento de Cavalaria Mecanizado do Mato Grosso do Sul. “O valor está próximo do cogitado pelo governo para a nova fase do auxílio emergencial, ou seja, um quilo do medalhão de salmão custa mais do que Bolsonaro pretende oferecer para o sustento de uma família inteira durante o mês”.
Elias Vaz identificou também processos de compra de 1.262.077 de quilos de filé mignon. “Esse milhão de quilos de filé chega aos recrutas ou é exclusividade das altas patentes das Forças Armadas? E o povo é obrigado a pagar carne nobre para eles enquanto tem ovo frito no cardápio?”, questiona Elias Vaz.
Os valores levantam suspeitam de superfaturamento. Um dos pregões é para a aquisição de 40 quilos de bacalhau desfiado para o Comando do Exército ao custo de R$127,93 o quilo. O preço informado por quilo de picanha foi de R$ 84,14 (num processo para compra de 13.670 quilos), obtido por meio do Pregão Eletrônico n° 37/2019, concluído em 29 de janeiro de 2020 e conduzido pela Diretoria de Abastecimento da Marinha. Já em outro processo, de 62.370 quilos de miolo de alcatra, o quilo custa R$82,37.
O valor da Bohemia Puro Malte que consta no processo já homologado é R$4,33 e o preço para o consumidor comum, em uma busca rápida por supermercados, é R$2,59, diferença de 67%. A lata de Skol Puro Malte tem valor no processo de R$4 e no varejo a R$2,49, indicando superfaturamento de 48,6%. “Dinheiro público não é para bancar luxo de ninguém. É um tapa na cara da população”, salienta Elias Vaz.