O sofrimento psíquico tem afetado muitos funcionários do Banco do Brasil – Foto: Reprodução
Sindicato dos Bancários de Brasília
Funcionários que atuam como gerentes gerais (GG) no Banco do Brasil denunciam forte assédio e pressão para atingir metas. Os relatos dão conta de cobranças desmedidas com vários áudios ao longo do dia e entrega de planilhas do que foi produzido. A pressão se acentua quando o expediente está próximo de acabar.
Os bancários pontuam que o banco possui tecnologia para acompanhar todo o processo on-line. Assim, a exigência de produzir uma planilha, além do sistema usual, é avaliada pelos funcionários como “um instrumento de tortura” e para produzir provas contra o gestor a respeito de sua capacidade. Alguns gerentes não repassam as exigências para os subordinados, mas muitos acabam repassando a cobrança, que se estende para escriturários.
Após o fechamento de muitas agências, a realidade de bancários e bancárias é de sobrecarga de trabalho, pressão para fechar negócios durante o atendimento e oferta por telefone, além do presencial. Há relatos de funcionários que mal têm tempo de ir ao banheiro.
A cobrança abusiva também foi identificada nos Escritórios Digitais. Gera indignação nos trabalhadores as cobranças que chegam várias vezes ao dia por meio de mensagens via WhatsApp e pelo aplicativo Teams, além de reuniões. Há a exigência de contatos mínimos por carteira para a oferta de produtos, seguindo planilhas desatualizadas e que não geram negócios, além de pronta resposta aos atendimentos demandados pelos clientes.
O clima é de incerteza quanto ao futuro e de mal-estar generalizado no final de ano e para a entrega do semestre passado. O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, alertou que “a gestão pelo assédio”, com base em metas abusivas e inatingíveis, impacta a saúde de todos os bancários, não só dos gerentes gerais.
“Todos acabam sendo submetidos às mesmas pressões. A nova direção do BB precisa apurar a razão de terem acontecido esse tipo de cobrança, várias vezes ao dia, e por quê essa obrigação de uma planilha, além dos mecanismos de acompanhamento de funções que já existem na empresa”, afirmou.
Mesmo gerentes que vinham respondendo às exigências das lideranças estão se manifestando contra o novo e surpreendente modelo de cobrança. O sofrimento psíquico tem afetado muitos funcionários que não conseguem entregar a planilha, em virtude do constrangimento.
Temor sobre PLR e PDG
Outro tema que gera preocupação é o recebimento integral da PLR e do PDG. A parcela variável da PLR está vinculada ao cumprimento do ATB. Para receber o valor integral da PLR, a dependência do funcionário deve alcançar 100% do esperado, e com a sobrecarga de trabalho e cobrança torna-se quase uma “missão impossível”. Com relação ao PDG, várias mudanças nas regras foram observadas nos últimos tempos, que implicam a não contemplação de diversos trabalhadores.
“Nos últimos quatro anos, temos sofrido com o encolhimento do banco. No período, foram fechadas mais de 1.500 agências e reduzido em mais de 10.500 o número de funcionários. Já as metas continuam subindo. Por isso, defendemos a volta do fortalecimento do BB como um banco público, alinhado com o desenvolvimento do país e presente nas regiões onde os bancos privados não querem atuar, que são as pequenas cidades e periferias”, completa Fukunaga.