Dados do Ministério da Saúde mostram que 75% dos focos de reprodução do mosquito Aedes aegypti no Brasil estão localizados nas casas e quintais dos moradores das áreas urbanas e apenas 25% em áreas públicas. Isto mostra que a responsabilidade pelo crescimento das doenças causadas pelo inseto – dengue, zika chicungunha – é uma responsabilidade de todos e de cada um.
Com isso, o Brasil caminha para registrar, em 2024, o recorde histórico de casos e de mortes provocadas pela dengue. Desde o início do ano, são 360 mil pacientes entre confirmados e suspeitos. O número pode chegar a 400 mil. Até quarta-feira (6), 40 pessoas haviam morrido.
O total de contaminados pelo mosquito Aedes aegypti foi 291% maior do que no mesmo período de 2023, quando ocorreram 93 mil casos e 1.079 brasileiros foram a óbito pela doença. Até aquela data, 11 pessoas haviam morrido no DF e outras 46.298 mil tinham sido contaminadas.
Segundo o Ministério da Saúde, proporcionalmente, o DF é a unidade da Federação com o maior número de contaminados por mil habitantes. Por isso, a capital da República foi incluída entre as áreas prioritárias do País para o início da vacinação contra a dengue.
Em entrevista coletiva na quarta-feira (6), o chefe da Casa Civil do GDF, Gustavo Rocha, anunciou para a sexta-feira (6) o início da aplicação de 194 mil doses no público-alvo – crianças de 10 a 14 anos no Distrito Federal.
A secretária da Saúde, Lucilene Florêncio, informou que serão montados 35 pontos de imunização. Não há necessidade de agendamento. A previsão é de que a segunda dose do imunizante seja aplicada a partir de maio.
De acordo com Gustavo Rocha, serão instaladas, até a próxima semana, outras nove tendas de atendimento e hidratação a pacientes com casos de dengue em Ceilândia, Samambaia, Vicente Pires, Varjão, Gama, Taguatinga, Guará, Plano Piloto e Paranoá.
“As tendas tiveram um efeito positivo. Hoje temos nove espaços, mas até o fim desta semana, vamos instalar mais nove. O objetivo é que o atendimento chegue mais perto e mais rápido à população”.
Ele ressaltou que os 60 leitos do Hospital Cidade do Sol devem ser geridos pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (IGESDF) enquanto durar a situação de emergência imposta pela doença.
A Secretaria de Saúde orienta que, aos primeiros sintomas de dengue, a pessoa deve buscar atendimento médico na rede de 176 Unidades Básicas de Saúde (UBS) existentes no DF.
“Estamos ampliando os acessos. Pedimos e precisamos que a população nos procure assim que os sinais aparecerem. Não se pode deixar agravar com dores, vômitos que não param, temperatura muito alta, esperando dias em casa antes de buscar assistência. A hidratação salva vidas”, destacou Lucilene.
Problema mundial
A triste realidade do crescimento dos casos de dengue não é só do Brasil, segundo o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanon. O aumento de diagnósticos ocorre em escala global. Ele esteve no Rio de Janeiro para acompanhar o lançamento do Plano Nacional do Ministério da Saúde para a eliminação de doenças e infecções que atingem preponderantemente a população de baixa renda, como malária, doença de Chagas, sífilis, hepatite B e HIV.
Tedros Adhanom destacou que em todo o mundo, no ano passado, foram registrados 500 milhões de casos e mais de cinco mil óbitos em todas as partes do mundo. “ É importante o pioneirismo do Brasil, como primeiro País a colocar a vacina da dengue no sistema público de saúde”, disse.
O Brasil vai vacinar, inicialmente, 325 mil crianças entre 10 e 14 anos em pelo menos em 16 Estados e no DF, que já estão credenciados para receber a primeira dose do imunizante. Nessa primeira etapa, serão adquiridas 750 mil doses, divididas pelo número de crianças e adolescentes que terão que receber as duas doses, já que a vacina exige reforço.
(*) Com informações do Ministério da Saúde e da Agência Brasília