A Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, vai ouvir mais duas testemunhas de acusação nesta terça-feira (15) no processo contra a empreiteira Andrade Gutierrez, uma das maiores empreiteiras do país e alvo da 14ª fase da Operação Lava Jato.
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De acordo com as investigações, a empresa agia de forma sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da Petrobras. Ela formava um cartel, obtendo preços favoráveis e, com isso, lucros extraordinários.
A primeira testemunha a depor será o delator e ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton dos Santos Avancini. Valmir Pinheiro Santana, ligado à construtora UTC, será a segunda testemunha a ser ouvida pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância. A audiência deve começar por volta das 11h.
Entre os réus nesta ação está o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo. Ele foi preso no dia 19 de junho e está detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Ainda conforme as investigações, parte do lucro excedente obtido de maneira ilícita pela Andrade Gutierrez era usada para pagar propina a agentes públicos e partidos políticos.
Um email cedido por Dalton Avancini mostra a convocação para uma reunião do chamado “Clube das Empreiteiras”, segundo o MPF. A mensagem eletrônica foi enviada por uma funcionária da empreiteira OAS, confirmando a presença de todos os copiados na mensagem em uma reunião dos dirigentes das empreiteiras no escritório da Andrade Gutierrez, em São Paulo. Estão copiados dirigentes da Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, UTC, Camargo Corrêa, e OAS – todas componentes do “clube”, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Primeiras testemunhas ouvidas
Desde quinta-feira (10), a Justiça Federal começou a ouvir testemunhas de acusação no processo contra a Andrade Gutierrez. Augusto Mendonça e Marcos Berti, ligados à Setal, também confirmaram a existência do cartel de empresas para fraudar licitações da Petrobras.
Mendonça ainda falou sobre o pagamento de propina a executivos da Petrobras e também ao PT, por meio de doações declaradas oficialmente. A resposta que o PT repete é que todas as doações foram legais e declaradas à Justiça Eleitoral.
Na quinta-feira (11), o dono da construtora UTC e delator da Lava Jato, Ricardo Pessoa, falou sobre o funcionamento do cartel das empreiteiras nas obras da estatal.
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\”Na maioria das vezes ninguém queria apresentar propostas porque é um trabalho enorme para fazer. É difícil arranjar um segundo proponente”, explicou Pessoa. O dono da UTC afirmou que apresentou uma proposta de cobertura para a Andrade Gutierrez para na licitação para a Unidade de Coqueamento Retardado do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Em troca, um consórcio de que a Andrade fazia parte apresentou uma proposta de cobertura para licitação da Unidade de Propeno da Refinaria de Paulínia (Replan), vencida por um consórcio integrado pela UTC.
Nas reuniões, participavam pela Andrade Gutierrez Elton Negrão e Antônio Pedro Campelo, que, segundo o delator, tinham autonomia total para definir as prioridades da empresa e tomarem decisões.
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