Executivos da empreiteira Andrade Gutierrez e o ex-presidente da empresa Otávio Marques de Azevedo afirmaram em delação premiada na Operação Lava Jato que pagaram propina em forma de doações legais para as campanhas da presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014. As informações foram publicadas pelo jornal \”Folha de S. Paulo\” nesta quinta-feira e confirmadas pelo Bom Dia Brasil.
De acordo com a reportagem, a propina vinha de obras superfaturadas da Petrobras e do setor elétrico, e o esquema de pagamentos ganhou maior escala a partir das obras da usina de Belo Monte. Entre as obras que constam entre as que houve o pagamento de propina estão também estádios da Copa do Mundo: o Maracanã, no Rio, a Arena Amazônia, em Manaus, e o Mané Garrincha, em Brasília.
A \”Folha\” disse que a Andrade Gutierrez entregou uma planilha em que detalha as doações vinculadas à participação da empreiteira em contratos de obras públicas
O Bom Dia Brasil confirmou que as delações dos executivos da Andrade Gutierrez vão indicar que a propina revestida de doação legal foi para outras campanhas do PT e também do PMDB nos anos de 2010, 2012 e 2014.
Também consta no depoimento, segundo a reportagem, que a obra da usina de Belo Monte, da qual a Andrade fez parte, envolveu pagamento de propina para os dois partidos. Ainda de acordo com o jornal, a negociação para estruturar o esquema teve participação dos ex-ministros Antonio Palocci e Erenice Guerra.
A delação ainda não foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal. A expectativa é que a homologação saia nos próximos dias.
Ao Bom Dia Brasil, a defesa do ex-ministro Antonio Palocci negou que ele tenha participado de negociações em torno da construção de Belo Monte e que tenha atuado na captação de doações para a campanha de Dilma em 2010.
A defesa também manifestou estranheza que o suposto pedido de doação para 2010 esteja relacionado ao consórcio, contratado apenas em fevereiro 2011 e cuja obra só começou no segundo semestre daquele ano.
A Andrade Gutierrez afirmou que não vai comentar. O Bom Dia Brasil procurou a assessoria da ex-ministra Erenice Guerra, mas não havia conseguido contato até a última atualização da reportagem.